Sexta-feira, 28 de novembro de 2014.
De
origem humilde, um rapaz de 17 anos precisava trabalhar o dia inteiro como
auxiliar de farmácia para custear seus estudos. Precisou até trabalhar como
boia fria na colheita de algodão para juntar dinheiro para viabilizar sua vinda à capital e se matricular num cursinho intensivo para o vestibular de Direito
da UFPR, única faculdade gratuita que possibilitaria seus estudos. Para
economizar andava pelo menos doze quilômetros (ida e volta) de sua residência
ao cursinho. Em uma dessas caminhadas encontrou uma carteira no chão. Além dos
documentos, cartões de crédito, havia no seu interior uma boa quantia em dinheiro, inclusive
dólares. O rapaz se empenhou para localizar a dona daquela
carteira. Até que conseguiu seu telefone. Ligou para ela e deu o endereço de
sua residência para que a mesma pudesse resgatá-la. E foi o que aconteceu. A
senhora rapidamente foi até a residência daquele rapaz, porém não o encontrou, uma vez que trabalhava durante o dia todo. Mas, recebeu a carteira das mãos da
mãe dele. Agradeceu e se despediu com um "muito obrigada". Mais tarde, depois de surpresa, constatar que nada havia sido retirado voltou a bater à porta daquela humilde residência de madeira. Ao
atender, a mãe do rapaz viu na face daquela senhora um brilho e um sorriso de
admiração por ter encontrado dentro daquela carteira todos os documentos e
dinheiro, sem um centavo a menos. E não era pouco. Na conversa entre as duas, a
senhora, admirada, falou àquela mãe que estava de parabéns pelo filho que tinha
e que, certamente, viria a ser, no futuro, um bom homem e grande profissional,
qualquer que fosse a profissão que viesse a escolher. Pela recusa de alguma recompensa em dinheiro deixou como mimo alguns
bombons e se despediu. Vinte e poucos anos se passaram de tal episódio.
Durante uma audiência de conciliação, aquela mesma senhora que havia perdido a
carteira com seus documentos era uma das partes. Frente a frente com o juiz, as
partes estavam sendo estimuladas à conciliação pela autoridade da justiça. Foi
quando o juiz olhou o sobrenome "incomum" daquela senhora e passou a olhá-la
com mais atenção, buscando em sua memória algo que levasse a entender a razão
daquele sobrenome lhe parecer familiar. Até que lembrou. Depois do êxito na
conciliação, quando as partes já estavam em paz, o juiz, de propósito, falou da importância do nosso bom testemunho na sociedade e relatou aos presentes a história que conhecia de um rapaz que havia encontrado uma carteira com muito dinheiro e documentos e, em vez de se apropriar da mesma se esforçou até encontrar e poder, através de sua mãe, devolvê-la à legítima dona. A senhora, surpresa. exclamou:
- Essa história aconteceu comigo. Eu sou a mulher que perdeu os documentos, cartões de crédito e uma boa quantia em dinheiro, inclusive dólares.
E o juiz olhou bem fundo nos olhos dela e disse:
-E eu sou aquele rapaz.senhora. Lembrei do seu sobrenome. Mas não tinha ainda a certeza que era a senhora. Não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas quis o destino que viéssemos a nos conhecer.
Com lágrimas nos olhos, muito emocionada, aquela senhora com dificuldade até para falar disse que Deus não poderia ter consagrado profissão melhor àquele menino que tomou uma atitude tão nobre e rara. Ele só poderia mesmo ser juiz. Ao se despedir, ela deu um forte e emocionado abraço, talvez o mesmo que daria se tivesse tido a oportunidade de conhecê-lo quando da devolução do bem, havia duas décadas. E disse: Felizmente os bons ainda são maioria. Que Deus continue a abençoá-lo abundantemente. O senhor merece, afirmou ela ao se despedir, bastante emocionada.
- Essa história aconteceu comigo. Eu sou a mulher que perdeu os documentos, cartões de crédito e uma boa quantia em dinheiro, inclusive dólares.
E o juiz olhou bem fundo nos olhos dela e disse:
-E eu sou aquele rapaz.senhora. Lembrei do seu sobrenome. Mas não tinha ainda a certeza que era a senhora. Não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas quis o destino que viéssemos a nos conhecer.
Com lágrimas nos olhos, muito emocionada, aquela senhora com dificuldade até para falar disse que Deus não poderia ter consagrado profissão melhor àquele menino que tomou uma atitude tão nobre e rara. Ele só poderia mesmo ser juiz. Ao se despedir, ela deu um forte e emocionado abraço, talvez o mesmo que daria se tivesse tido a oportunidade de conhecê-lo quando da devolução do bem, havia duas décadas. E disse: Felizmente os bons ainda são maioria. Que Deus continue a abençoá-lo abundantemente. O senhor merece, afirmou ela ao se despedir, bastante emocionada.
Foto tirada durante a posse de Tito Campos de Paula como Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná |
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