Domingo, 14 de fevereiro de 2016.
Antigamente, para viabilizar a
sustentação do capital nas sociedades humanas o rei, a princípio, precisava de
uma tropa formada pelos mais fortes do reino a fim de proteger seu castelo e os
integrantes da corte (amigos e/ou puxa-sacos de sempre) contra qualquer tipo de
intenção ou pretensão dos vassalos que não a imposta total submissão. Os anos
passaram e, com a evolução natural da raça e inteligência humanas e por
conseguinte também dos vassalos, este braço forte que protegia o rei e sua
corte precisou ter sua ação legalizada para marcar o poder e a autonomia do rei
dentro do território e criou-se, então, um providencial reforço, o dos
julgadores dos conflitos de interesse dentro do reino. A tarefa inicial de
julgar em última instância era do rei, mas eram os julgadores que atendiam ao
conjunto de normas estabelecidos pelos representantes deste mesmo poder junto
ao rei, aos integrantes da corte e aos vassalos, sempre em terceiro plano na
hierarquia dos interesses. No final das contas, por detrás de tudo estavam
mesmo os interesses daqueles que detinham a força do poder do capital e os
julgadores nada mais eram do que o braço estendido desses interesses, embora
artificialmente pousavam como um poder independente e defensor da isonomia,
isto é da igualdade de todos perante a justiça que iriam aplicar. Pura balela.
Uma utopia que sempre vai esbarrar na natureza humana, submissa à equivocada
sensação de perpetuidade diante do domínio do mais forte sobre os mais fortes.
Ao final, os anos passaram e todos, reis, membros da corte, julgadores,
soldados e plebe foram e continuaram indo (todos, indistintamente) para o
famoso e temido "buracão". Dos primórdios da raça humana até os dias
de hoje testemunhamos uma incrível evolução da ciência e da tecnologia, porém diante da
natureza do comportamento humano, continuamos como os truculentos homens da
caverna, onde sempre ao detentor da força física e posteriormente a do capital
é dada a condição de comandar aqueles que, mais fracos, não têm outra
alternativa senão a de curvarem-se ao efêmero, porém despótico exercício do poder. JoYa