Sexta-feira, 16 de maio de 2014.
Para quem se interessar, uma reflexão do empresário Abílio Diniz sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil. Uma posição de quem vê na Copa do Mundo a ser realizada em nosso país a partir do mês que vem, uma grande oportunidade de vendermos a marca Brasil. Para Diniz, em um mundo de economia cada mais globalizada valorizar esta marca significa mais oportunidade de desenvolvimento fomentando o circulo virtuoso da economia. O empresário brasileiro acredita nos bons legados que um evento como este trará ao país. O turismo, por exemplo é um segmento que, segundo ele, receberá muitos benefícios através deste legado. E as obras estruturais de mobilidade urbana também. O turismo é um dos segmentos que mais ajudam a economia de uma nação, em todos os níveis. É só ver o tratamento estratégico que países desenvolvidos têm nesta área, notadamente os Estados Unidos e alguns países europeus. Para Diniz é importante protestar, mas também é hora de mostrar ao mundo que somos uma nação que vale a pena ser visitada e que também é seguro investir no Brasil. Acompanhem logo abaixo,com detalhes a manifestação textual. do empresário brasileiro Abílio Diniz.
|
Empresário Abílio Diniz |
Texto de Abilio Diniz.
A quase um mês da Copa do Mundo, vejo a bola rolando quadrada no país do
futebol. A festa que se previa deu lugar à tensão e ao ceticismo
Sempre declarei meu amor pelo Brasil. Trabalho para ajudar a melhorar
este país, gerando empregos, dando aulas, apoiando iniciativas nas áreas de
educação e esporte e investindo em empresas que possam contribuir para o seu
crescimento.
Como milhões de brasileiros, eu tenho o futebol como paixão. E não acho
que protestando contra a Copa diante dos olhos do mundo ganharemos alguma
coisa, pelo contrário. Devemos aproveitar a atenção mundial para mostrar a
grandiosidade e as oportunidades do Brasil, não os nossos problemas. Estes,
resolvemos nós.
A quase um mês da Copa do Mundo, vejo a bola rolando quadrada no país do
futebol. A festa que se previa deu lugar à tensão e ao ceticismo. Pesquisa
Datafolha aponta que hoje mais brasileiros rejeitam a Copa do
que a apoiam. É
possível que saia mais gente às ruas do país para protestar contra o torneio do
que para celebrá-lo.
A intenção deste artigo não é desestimular ninguém a protestar. São muito
justas as reivindicações por investimentos em educação, saúde, moradia, segurança
e transportes. Com a nossa pesada carga de tributos, o Estado brasileiro deve,
urgentemente, serviços mais eficientes e mais ética na gestão pública. Ter uma
população mais engajada, exigindo serviços e
gestão com a qualidade da nossa
seleção e dos novos estádios, é saudável e legítimo.
Mas nós não podemos esquecer que a Copa do Mundo é uma das melhores
oportunidades de projeção do país. Se a usarmos de forma eficaz na promoção da
marca Brasil, ganharemos muito. E quanto mais ganharmos com a promoção global
do país, menos a Copa nos terá custado. Num mundo cada vez mais globalizado, a
imagem ou marca de uma nação pode ser mais importante do que o que ele produz e
vende.
O Brasil não é só um país em construção, mas uma marca em construção. Uma
marca que reflete tudo o que somos: um gigante em paz com os vizinhos, um país
com enormes recursos humanos e materiais, uma das maiores democracias do mundo,
uma economia de mercado de cerca de 200 milhões de consumidores, imprensa
livre, Justiça independente, instituições sólidas. Quantos países têm essas
credenciais?
O interesse das grandes empresas e dos grandes empresários estrangeiros
pelo Brasil é enorme, vejo quando viajo para o exterior para promover nossos
produtos e o nosso mercado. E não são apenas os empresários. Existem interesse
e simpatia generalizados por um país de povo tão criativo, alegre e
empreendedor.
Durante a Copa do Mundo, um terço do planeta estará grudado nas telinhas
para ver os jogos e, por tabela, o país que os sediará. Não tem cartão de
crédito nem emissão de títulos da dívida pública que paguem essa massiva
publicidade global. Precisamos aproveitá-la ao máximo. O Brasil ainda é pequeno
em comércio internacional e atração de turistas. Atrairemos muito mais recursos
realizando uma Copa ordeira, que revele um país dinâmico, alegre e capaz de se
organizar. Isto trará frutos para todos os brasileiros.
Também acho que foram cometidos equívocos. Não precisávamos de tantas
sedes e estádios tão caros em cidades sem torneios de futebol expressivo. As
obras de mobilidade urbana poderiam ter sido entregues a tempo. Precisamos
tirar todas as lições desses fatos lamentáveis.
Mas a bola, afinal, vai rolar. O Brasil, maior seleção da história,
sediará uma Copa já especial pela presença de todas as grandes seleções e seus
craques fabulosos. Que honra receber e, torçamos, derrotar Messi, Cristiano
Ronaldo, Balotelli, Özil e Iniesta.
O Brasil é muito maior que as dificuldades que atravessamos. Está na hora
de mostrar o nosso amor por este país --de começar a Copa cantando "sou
brasileiro, com muito orgulho" e encerrá-la com "we are the
champions".
* ABILIO DINIZ é presidente do Conselho de Administração da companhia de
alimentos BRF