Sábado, 26 de
setembro de 2015.
Hoje, com 61 anos - Foto atual (Arquivo Pessoa) |
Desde que me lembre me sinto radialista. Tinha meus
seis anos, não sabia escrever nem ler direito e já brincava de radialista.
Pegava dois rádios e a escova de cabelo de minha mãe e a usava como microfone.
Na criatividade imaginativa de toda criança "brincava de rádio", como
dizia. Aos 11 anos, quando soube que havia a possibilidade de falar ao
microfone das missas para ler textos da Bíblia, lá estava eu na fila. Meu
pai colaborava com as quermesses da Igreja e usava de um carro da empresa como
veículo de alto-falante para anunciar as quermesses, festas juninas, bingos
beneficentes e tudo o mais. Adivinha quem estava lá no veículo fazendo as
chamadas? Nas
feiras
do livro (FIEL)
havia na Praça Hercíclio Luz, em Porto União, um serviço de alto-falante. Lá estava o “Jorginho” metido fazendo
anúncios e brincadeiras. Aos 14 anos meu pai negociou a Rádio Difusora União,
praticamente falida à época e a recuperou. Aí realizei meu sonho. Puxa, meu pai
dono de uma rádio. Aí deitei e rolei. Fiz de tudo. Desde cobrador, office-boy,
discotecário, programador, radio-escuta, sonoplasta e é claro aguardando sempre
a primeira deixa para falar ao microfone. Isso se deu na Hora da Ave Maria. Fez
tanto sucesso que comecei a participar do Jornal Falado Tupi, noticiário que
começava às 12 horas e era bastante ouvido nas Gêmeas do Iguaçu. Em Curitiba,
aos 17 anos comecei na Rádio Colombo, depois fui para a Iguaçu, onde aprendi
muito com os colegas experientes. Era um grupo muito bom de radialistas de
Curitiba, na época. Em 1974, aos 20 anos fui contratado pela Rádio Clube
Paranaense, onde fiz carreira me tornando conhecido nacionalmente. Em 1975 fui
para a televisão, a extinta TV Tupy que aqui em Curitiba era transmitida pelo
Canal 6. Em 1976 fui contratado pelo Canal 4 que transmitia a programação da
Globo, depois SBT. Em 1988 fui para a Bandeirantes e em 2003 para a TV Paraná
Educativa, Rádio e Televisão. Morei treze anos em Londrina, onde por três anos
e alguns meses trabalhei na Rádio Paiquerê como âncora do Jornal da Manhã. Na
trajetória cruzei com excelentes comunicadores e aprendi muito com eles. Hoje,
aos 61 anos me sinto orgulhoso desta história e quando vejo um microfone, minha
reação é a mesma daquele menino que falava na escova de cabelo de sua mãe como
se fosse um microfone. Não importa o que falava, o importante era comunicar. Só
um detalhe fez parte desta evolução técnica na arte de falar ao microfone: o
conteúdo da narrativa. Aprendi ao longo da carreira que não importa ter uma voz
bonita apenas. O que conta (principalmente) é o conteúdo e a credibilidade
daquilo que se comunica. Um abraço a meus amigos radialistas. Sinto vocês como
se fossem meus irmãos e torço por todos, principalmente para que acima de tudo
respeitem seus ouvintes ao comunicar sempre a verdade, sem sensacionalismo nem
hipocrisia. No mais gastem o verbo e sejam felizes. JoYa
Correspondente GBOEX - Radio Clube Paranaense - Ano de 1976 - com 22 anos |
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