Quinta-feira,
14 de abril de 2016.
O texto que posto logo abaixo
mostra como o diretor de um centro de pesquisa econômica e política da capital
norte-americana e presidente de uma entidade de relações internacionais
especializada em análise dos países latino-americanos vê a crise política
brasileira que pode levar ao Impeachment da presidente da República. Vale
conhecer a visão de um especialista sem as paixões partidárias e/ou
ideológicas.
MARK WEISBROT – Diretor
do Centro de Pesquisa Econômica e Política
de Washington e presidente da
Just Foreign Policy, organização dos EUA
especializada em política
externa
|
"Tenta-se no Brasil um golpe
que ameaça a democracia. Não há evidências que vinculem Dilma a qualquer
esquema de corrupção. Em vez disso, é acusada de manipular contas públicas,
algo que presidentes anteriores já haviam feito. Para traçar analogia com os
Estados Unidos, quando os republicanos se negaram a elevar o teto da dívida, em
2013, Obama recorreu a truques de contabilidade para adiar o limite. Ninguém se
incomodou.
A campanha do impeachment, que o
governo descreve corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira
tradicional para obter, por outros meios, aquilo que não consegue conquistar
nas urnas desde 1998.
O ex-presidente Lula é acusado de
receber dinheiro de empresas para proferir palestras e reformar um imóvel. Não
há nenhuma prova de vínculo com corrupção.
O juiz Sergio Moro lidera uma
campanha de difamação de Lula. Teve que pedir desculpas ao Supremo por ter
divulgado grampos telefônicos de conversas de Lula com Dilma, com seu advogado
e até entre a mulher de Lula e os filhos.
O principal obstáculo à
recuperação da economia brasileira é o poder dos grandes bancos. O país paga
juros de quase 7% de seu PIB sobre a dívida pública, mais que a Grécia no auge
de sua crise. Mas não há risco de moratória. Seus juros de verdadeira usura são
resultado do poder político dos bancos, que desfrutam "spread" recorde
de 34% entre as taxas de empréstimos contraídos e concedidos. A simples redução
dos juros sobre a dívida para o nível de alguns anos atrás criaria condições
para um estímulo importante.
Seria lamentável se o Brasil
perdesse boa parte de sua soberania nacional, além de sua democracia, com esse
golpe sórdido.
( Texto publicado hoje na FSP)
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