Segunda-feira, 19 de
setembro de 2016.
"Não me tornei, nasci radialista. O tempo apenas se encarregou de lapidar minha essência" Jorge Yared |
Dia 22 agora, próxima quinta, comemora-se mais um
dia do radialista. Não sou muito afeito a datas comemorativas, daí antecipar o
assunto. Desde que me lembre me sinto radialista. Aos seis anos não
sabia escrever e nem ler direito, mas já brincava de radialista. Pegava dois rádios
e a escova de cabelo de minha mãe e a usava como microfone. Na criatividade
imaginativa de toda criança "brincava de rádio", como dizia. Aos 11
anos, quando soube que havia a possibilidade de falar ao microfone das missas
para ler textos da Bíblia, lá estava eu na fila. Meu pai colaborava com as
quermesses da Igreja e usava de um carro da empresa como veículo com
alto-falante para anunciar as quermesses, festas juninas, bingos beneficentes e
tudo o mais. Adivinha quem estava lá no veículo fazendo as chamadas? Nas feiras
do livro (FIEL) havia na Praça Hercíclio Luz, em Porto União, um serviço de
alto-falante. Lá estava o “Jorginho” metido fazendo anúncios e brincadeiras.
Aos 14 anos meu pai negociou a Rádio Difusora União, praticamente falida à
época e a recuperou. Aí realizei meu sonho. Puxa, meu pai dono de uma rádio. Aí
deitei e rolei. Fiz de tudo. Desde cobrador, office-boy, discotecário,
programador, radio-escuta, sonoplasta e é claro aguardando sempre a primeira
deixa para falar ao microfone. Isso se deu na Hora da Ave Maria. Fez tanto
sucesso que comecei a participar do Jornal Falado Tupi, noticiário que começava
às 12 horas e era bastante ouvido nas Gêmeas do Iguaçu. Em Curitiba, aos 17
anos comecei na Rádio Colombo, depois fui para a Iguaçu, onde aprendi muito com
os colegas experientes. Era um grupo muito bom de radialistas de Curitiba, na
época. Em 1974, aos 20 anos fui contratado pela Rádio Clube Paranaense, onde
fiz carreira me tornando conhecido nacionalmente. Em 1975 fui para a televisão,
a extinta TV Tupy que aqui em Curitiba era transmitida pelo Canal 6. Em 1976
fui contratado pelo Canal 4 que transmitia a programação da Globo, depois SBT.
Em 1988 fui para a Bandeirantes e em 2003 para a TV Paraná Educativa, Rádio e
Televisão. Morei treze anos em Londrina, onde por três anos e alguns meses
trabalhei na Rádio Paiquerê como âncora do Jornal da Manhã. Na trajetória
cruzei com excelentes comunicadores e aprendi muito com eles. Hoje, aos 62 anos
me sinto orgulhoso desta história e quando vejo um microfone, minha reação é a
mesma daquele menino que falava na escova de cabelo de sua mãe como se fosse um
microfone. Não importa o que falava, o importante era comunicar. Só um detalhe
fez parte desta evolução técnica na arte de falar ao microfone: o conteúdo da
narrativa. Aprendi ao longo da carreira que não importa ter uma voz bonita
apenas. O que conta (principalmente) é o conteúdo e a credibilidade daquilo que
se comunica. Com um problema auditivo provocado por estouro de um ponto
eletrônico em meu ouvido, quando da apresentação de um telejornal, tive que
encerrar precocemente minha carreira, mas o sentimento continua o mesmo. Deixo
um afetuoso abraço em meus colegas radialistas. Sinto vocês como se fossem meus
irmãos e torço por todos, principalmente para que acima de tudo respeitem seus
ouvintes ao comunicar sempre a verdade, sem sensacionalismo nem hipocrisia. No
mais gastem o verbo e sejam felizes. JoYa
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