Depois de oito anos trabalhando em um mesmo veículo, no meu caso a Paraná Educativa, hoje RTVE PARANÁ, a gente vai se acostumando com a casa, com os colegas, com o prefixo em que atuamos. Com o passar do tempo, a impressão é que estamos em nossa casa. Os colegas, nossos irmãos, e o prefixo passa a fazer parte do nosso nome. Daí surgem os sentimentos de carinho e apreço por tudo o que nos rodeia e que envolvem e embalam nossos sonhos de contribuir com a nossa profissão à sociedade que nos serve. Pois bem. Dia 4 de janeiro depois de uma breve reunião pela manhã na rádio onde o diretor recém empossado espunha seu modo de pensar a nova forma de pautar o Jornal da Educativa fui almoçar e no trajeto já pensava como seria melhor a edição do dia seguinte com as orientações recebidas. Ao chegar em casa, na cozinha, ajudando minha esposa a arrumar a mesa para o almoço, toca o telefone. Deixei no viva voz, como é de costume. No outro lado da linha, o sr. Tupan a quem foi dada a honra de dirigir as duas rádios, AM e FM, foi direto ao assunto: "Yared, disse ele, você é um dos melhores profissionais que conheço. Seria muito bom tê-lo em nossa equipe, mas ordens superiores me impelem a dispensá-lo. É que você é da "turma do Requião" e me foi solicitado a dispensar todos aqueles que de alguma forma estão íntimamente ligados ao ex-governador. Não se preocupe, certamente com sua bagagem e sua experiência não vai ser difícil encontrar outro prefixo para trabalhar. Me desculpe,obrigado e boa tarde!"
Silêncio absoluto na cozinha de minha residência. Meu filho, no último ano de jornalismo, atônito olhou para mim e disse: e agora pai, como é que podem dispensá-lo desta forma...por telefone...e com uma desculpa esfarrapada desta? O senhor nem político é! Até hoje cedo o senhor falava da expectativa do Beto Richa fazer um bom governo no Paraná e que a sua experiências nesses últimos anos poderiam ser de bastante utilidade para o aperfeiçoamento da programação da Educativa. O que foi que houve, esse meio é assim, traiçoeiro, covarde, incoerente, insensível, desrespeitoso???
Não pude responder...estava com a voz embargada e com um sentimento misto de revolta e decepção.
Minha esposa parou o que estava fazendo e foi para o quarto. O delicioso almoço que acabara de preparar ficou lá em cima da mesa. Ninguém tinha apetite para degustá-lo. A tristeza e a preocupação pelo desemprego tomou conta do meu lar naquele primeiro momento. O que fazer?
Sim, eu sei. Eu trabalhava como funcionário comissionado. Sendo assim deveria estar preparado para a tradicional exoneração que acontece ao final do mandato da autoridade que nomeia. É costume o novo governador substituir os antigos comissionados por pessoas de sua confiança ou indicados por seus secretários ou diretores de autarquias. No meu caso não era diferente. Mas fazer um bom trabalho de comunicação na administração de Requião deveria ser um ponto positivo em meu currículo para continuar a fazê-lo na atual administração. Como foi mencionado, não sou político. Sou comunicador. A nomeação pelo ex-governador Requião muito me honrou pelo respeito ao profissional que sou e pela confiança depositada na qualidade do meu trabalho. Não pedi esta nomeação. Ninguém interferiu por mim. A decisão foi respeitosa e pessoal pelos motivos já relatados. Ser nomeado como funcionário comissionado. Se essa era a
forma de legalizar meu trabalho, tudo bem. Mas jamais deveria ser impedimento de continuidade. O que deve contar é a qualidade, a excelência do trabalho prestado. Somos profissionais e temos responsabilidade com nosso público: o cidadão paranaense. Agora, ser dispensado por ter feito um bom trabalho, ser considerado um adversário político, ser retirado do ar com a alegação de que minha cara é a cara do Requião foi uma atitude absolutamente incoerente de quem espera construir um Paraná mais justo e verdadeiro. Ninguém é perfeito. O Requião não fez, assim como tenho certeza o Beto também não fará uma administração perfeita em todos os sentidos. São milhares de pessoas atuando. Uma ou outra pode ou deverá tropeçar. Mas o que importa é a vontade política de acertar. De fazer bem as coisas. Nesses oito anos eu testemunhei boas ações de governo: a política social foi marcante; a política fiscal, essencial para o momento; o resgate de empresas públicas como a Sanepar e a Copel; a eliminação de contratos fraudulentos; o investimento no DER, nas estradas, a recuperação da Ferroeste, a atenção especial dada ao litoral e ao Porto de Paranaguá; o fortalecimento da agricultura familiar, a proteção do meio ambiente (a recuperação das matas ciliares px); os avanços na Educação; na Saúde com a política de descentralização e tantas outras boas ações. Foram através delas e dos resultados alcançados nesses últimos anos é que o atual governador poderá também, em dando continuidade, melhorar ainda mais a vida das pessoas. É claro, com sua marca pessoal e com novas ações estabelecidas em sua gestão.Temos que nos concentrar nos acertos para evoluir e nos erros para não repetí-los Eu acredito que as pessoas devem ter um compromisso de trabalhar sempre para melhorar o mundo em que vivemos. Não será desta forma, tratando o próximo como peça descartável, não se importando com as consequências sociais e humanas de determinadas decisões, que chegarão a este intento. Ao contrário, deixarão um legado para se lamentar. Você pode enganar muitas pessoas por pouco tempo, poucas pessoas por muito tempo, mas não todas por todo o tempo.
Mas não parou por aí!
Tem a dispensa da TV...esta foi pior. Foi com um beijo na face!
Depois eu conto.
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