Terça-feira, 24 de
março de 2015.
Beber e dirigir: "Você assume o risco das consequências antes do primeiro gole, ainda em estado de consciência" |
Nesta segunda-feira, à noite, dia 23, um padre
dirigindo embriagado, atropelou e matou um ciclista no Pará. A repercussão foi
imediata por se tratar de um servo de Deus. Este fato escancara a grave
situação de desobediência generalizada a uma lei que foi criada para proteger a
vida das pessoas, a Lei Seca. E tão preocupante quanto é a reação daqueles que
não sentem na carne e na alma a dor da perda de um ente querido em uma
ocorrência de trânsito protagonizada por motorista embebedado. Prestem atenção
à reação das pessoas não ligadas afetivamente à vítima ao se condoerem com a
situação do cidadão que se embebedou e matou no trânsito. Vamos ouvir
declarações desse tipo:
- "Não é possível alguém que não tenha a
intenção de matar e ainda por cima um sacerdote que com tão bons serviços
prestados à comunidade ficar preso. Isso é injusto!"
Este tipo de interpretação é a fonte de uma tragédia
social. Uma postura equivocada que leva ao afrouxamento punitivo e daí à
sensação de impunidade. Ao se considerar equivocadamente o fato um mero
acidente dá-se ao criminoso também a condição de vítima, pois "não tinha a
intenção de matar". O que precisa ficar claro é que ao tomar o
primeiro gole (ainda consciente), o cidadão, não importa quem seja, assume o risco
do que acontecer em estado de embriaguez. A isto se dá o nome de "dolo
eventual" que fará toda a diferença no tratamento penal ao delito de
trânsito. É certo que quem se embebeda não deseja matar, mas ao dirigir assume
o risco, pois perderá totalmente os sentidos da direção do veículo, agora sim
transformado em arma letal. Ou entendemos esta realidade, ou continuaremos
assistindo ao morticínio diário nas ruas e estradas deste país, até que um dia
sejamos nós próprios a tombar.
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