Domingo, 22 de abril de 2012.
A imagem dos amigos amarrados e executados chocou a
sociedade
(Foto Arquivo)
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A chacina de Piraquara completa um ano neste domingo sem que nenhuma
explicação tenha sido encontrada para os assassinatos de cinco homens, entre eles
o ambientalista Jorge Grando. Para as famílias, permanecem as dúvidas sobre a
motivação do crime e a incerteza se houve o empenho necessário para esclarecer
o caso. A polícia ainda tateia em busca de provas em meio às mais variadas
linhas de investigação, que vão de “queima de arquivo” a
crime passional. O que a sociedade espera é a elucidação deste bárbaro crime.
Velório de Jorge Grando há um
ano
(Foto de Daniel
Castelano/Gazeta do Povo)
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O jornal Gazeta do Povo faz hoje uma boa abordagem sobre o que ocorreu, a situação das viúvas
das vítimas e as explicações da polícia em relação às dificuldades na
elucidação do caso. Repercuto no Blog este trabalho de reportagem da Gazeta,
pois mostra como está o caso um ano após. É importante que as pessoas não se
esqueçam do ocorrido, pois ações bárbaras como esta não podem mais ser
admitidas. Os responsáveis precisam ser identificados e exemplarmente punidos.
Viúvas sofrem com a falta de
respostas
“A dor da perda já é grande, mas como não tem
nenhuma explicação, é ainda pior”,
diz Simara Macedo, que perdeu o marido Gilmar Reinert na chacina. Ela espera
até hoje o desfecho das investigações e a punição dos culpados para aplacar o
sofrimento. “Já faz um ano e eu não parei de pensar naquele
dia um só momento”, conta a esposa do agente penitenciário Valdir Vicente Lopes, Clair
Tasso. As viúvas não se conformam que o caso ainda não tenha sido esclarecido.A hipótese de uma tentativa de roubo que acabou em assassinato não faz o
menor sentido para elas. “O Valdir estava com uma corrente de ouro que
eu tinha dado para ele. Nem isso levaram. Também tinha dinheiro na carteira”,
diz Clair. Da casa do ambientalista foram roubados um computador e um celular. As viúvas acreditam que os maridos tenham morrido simplesmente por
estarem no lugar errado, na hora errada. “Não tenho a menor ideia do
que aconteceu. Não consigo encaixar nenhuma peça nesse quebra-cabeça”,
relata Simara, que vai todos os meses à delegacia de Piraquara em busca de
informações.Em fevereiro, as famílias foram chamadas para uma reunião na delegacia e
informadas de que a investigação está em andamento. “Quero que a polícia se
empenhe nas investigações e que encontre os verdadeiros culpados. Preciso disso
para ter paz”, afirma Clair.
Casa revirada, mas
pertences não foram levados. Impressão deixada
foi de que assassinos procuravam documentos
(Foto Arquivo)
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Hoje faz um ano
Amigos foram
surpreendidos durante churrasco na chácara de Grando
(Foto Arquivo)
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Na noite de 22 de abril de 2011, quatro amigos faziam um churrasco em uma
chácara da cidade, que fica na Região Metropolitana de Curitiba. Os irmãos
Jorge e Antonio Luis Carvalho Grando receberam a visita do empresário Gilmar
Reinert e do agente penitenciário Valdir Vicente Lopes. Eles foram
surpreendidos por um ou mais assassinos e amarrados com fios elétricos e
arames. Segundo o delegado Amadeu Trevisan, que comanda a investigação, Jorge
Grando teria tentado fugir e foi baleado. Os outros três foram executados com
tiros na nuca meia hora depois. O vizinho Albino Silva, funcionário da Sanepar,
apareceu na casa – ainda não se sabe se porque notou alguma movimentação
estranha ou se estava de passagem e decidiu chegar – e também foi morto.
Investigações
Delegado garante que a investigação não parou e nega falta de estrutura |
Uma denúncia, por escrito, que chegou às mãos do delegado em fevereiro
mudou o rumo das investigações. Seria uma pista da autoria do crime. Trevisan
disse que acionou os serviços de inteligência policial para encontrar provas da
participação do suspeito. O delegado pediu à Justiça informações adicionais,
como quebra de sigilo telefônico. Ele evita dar detalhes, alegando que podem
atrapalhar as apurações, mas confirma que mantém a tese de que foi uma
tentativa de assalto que acabou muito mal para as vítimas. “Para mim, está descartada a
hipótese de crime por ele ser ambientalista”,
conta. O delegado assumiu o caso dois meses após o crime. Ele garante que a
investigação não esteve parada em nenhum momento e nega que falte estrutura
para trabalhar.
Pressão
Deputado Veneri tem
opinião diferente. Ele diz
que esforços
necessários não foram feitos
(Foto Arquivo)
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Ambientalistas cobraram atitudes das secretarias estaduais de Segurança e
de Meio Ambiente, da Polícia Federal (PF) e do Ministério da Justiça.
Integrante do grupo que pede mais empenho das autoridades, José Álvaro Carneiro
disse que não teve repostas assertivas. “Como foram execuções, fica
difícil acreditar em roubo seguido de morte”,
avalia. Muitos objetos de valor foram deixados na casa e os carros não foram
levados. Mas como a casa estava totalmente revirada, a polícia acredita que os
criminosos poderiam estar em busca de dinheiro que os irmãos Grando
eventualmente guardavam na chácara por causa da venda dos loteamentos. Jorge
vendia alguns lotes porque queria transformar o local em um condomínio
ecologicamente correto para viver.
Na Assembléia Legislativa
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do
Paraná, deputado Tadeu Veneri (PT), disse não entender como um crime envolvendo
cinco pessoas não foi elucidado ainda. “Os esforços necessários não
foram feitos ou o caso foi deixado de lado”,
analisa. Ele pretende fazer uma visita ao delegado durante a semana para pedir
informações. “O crime tem todas as características de queima
de arquivo”, acredita Carneiro. Jorge Grando tinha informações sobre grilagem de
terra, loteamentos clandestinos e exploração irregular de jazidas de areia e
pedra. (Gazeta do Povo)
Missa
Parentes e ambientalistas se reúnem neste domingo em uma missa, às 18
horas, na Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, para relembrar que até agora a
chacina continua impune.
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