sexta-feira, 22 de março de 2013

Liminski dá o tom, em Curitiba

Sexta-feira, 22 de março de 2013.

Sala do Curso Barddal, Ciências Humanas. Ano: 1971. Eu com 17 anos na expectativa de conhecer mais um professor. O da vez seria o de português-redação, matéria que teria um grande peso no vestibular de direito da UFPR daquele ano. Eu e meus colegas esperávamos um professor “normal”. Que entrasse na sala como os outros o fizeram. Passos calmos, semblante sério, típico de quem ainda não foi apresentado. Qual o quê. De repente entrou um louco na sala a passos largos... Cabeludo (cabelos longos e pretos e com sinal de início de calvície um pouco acima da testa. O bigode estilo mongol e um óculos redondo com aro preto. Camiseta básica, calça com boca de sino e sandália franciscana. Andar rápido como se estivesse com vontade de dar um mortal contra a parede. Subiu no tablado e de frente para a turma começou a dar o seu primeiro show de aula. Relato esse fato emocionado, quase as lágrimas, pois foi uma das melhores pessoas que conheci na vida. Mais do que gênio, poeta, escritor, professor, músico, literato Paulo Liminski era um ser humano sensacional. Dava gosto compartilhar cada minuto do dia com ele. As aulas eram tão boas que nem sentíamos o tempo passar. Ele foi meu professor de redação. Resultado: 9,8 de média na prova específica do vestibular 1971 na UFPR e a redação, sem dúvida, contribuiu para atingi-la. Aqueles meses em que convivemos foram uma referência para toda minha vida. Hoje, ao receber essa notícia do sucesso da obra de meu querido e saudoso professor e amigo Paulo Liminski, sinto um tremendo orgulho de poder dizer a todos que fui seu aluno e companheiro. Nunca vou esquecer quando ele corrigiu meu primeiro texto. Coçou o bigode, olhou por cima dos óculos e disse:

-Turco, você tem talento pro troço, mas vai me dar muito trabalho, porra! Comece hoje mesmo e escreva uma redação como o tema: “Sei que nada sei”. 

E eu comecei o texto escrevendo:

“Sei que nada sou, pois o que sei ainda não se formou. Sei que ainda serei, pois incentivado, hoje comecei. Sim, sei que nada sei, mas isso já é conhecer, o primeiro passo na conquista do saber!”

Quando ele leu, esboçou um sorriso e disse:


-“Esse é dos meus!”

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