Domingo 16 de
novembro de 2014.
Corcel da Ford, zero KM, retirado da garagem da Metropolitana. da rua João Negrão, em Curitiba, em 1977 |
Em 1977, então com 23 anos, fui chamado à presença
de meu amigo William Sade, na sua lojinha de bijuterias que ficava na Marechal
Floriano, entre a rua XV e a Praça Tiradentes.
– Brimo, disse William, vi você ontem no Jardim Mercês (coletivo que saia da Praça Tiradentes e passava nas proximidades do Canal 6, onde trabalhávamos) e não me conformei em vê-lo naquele ônibus lotado. Você é um apresentador de televisão, Yared e precisa de um carro.
Sorri para ele e disse que estava comprando um apartamento e as prestações eram altas demais, impossibilitando adquirir um carro.
– Tenho um negócio de pai para filho, disse Willian e me mostrou o carnê de consórcio, sorteado e com apenas três parcelas para ser quitado. Era de 60 parcelas. Naquela época a inflação corroía as parcelas pagas, tanto que a preço de hoje a parcela atualizada era de 700 reais e as primeiras parcelas ele havia pago 28 reais. Perguntei como seria a forma de pagamento. Ele me surpreendeu com a proposta:
- Soma o que eu paguei até agora, sem correção e me paga como puder, mas só depois de pagar as 3 últimas.
– Brimo, disse William, vi você ontem no Jardim Mercês (coletivo que saia da Praça Tiradentes e passava nas proximidades do Canal 6, onde trabalhávamos) e não me conformei em vê-lo naquele ônibus lotado. Você é um apresentador de televisão, Yared e precisa de um carro.
Sorri para ele e disse que estava comprando um apartamento e as prestações eram altas demais, impossibilitando adquirir um carro.
– Tenho um negócio de pai para filho, disse Willian e me mostrou o carnê de consórcio, sorteado e com apenas três parcelas para ser quitado. Era de 60 parcelas. Naquela época a inflação corroía as parcelas pagas, tanto que a preço de hoje a parcela atualizada era de 700 reais e as primeiras parcelas ele havia pago 28 reais. Perguntei como seria a forma de pagamento. Ele me surpreendeu com a proposta:
- Soma o que eu paguei até agora, sem correção e me paga como puder, mas só depois de pagar as 3 últimas.
Meu primeiro carro praticamente ganhei de presente de um amigo e colega especial: William Sade |
Não
acreditei, pois somando todas as que ele havia pago dava no máximo quatro das
prestações atualizadas. Quer dizer, eu teria um carro novo, zerinho, e iria
pagar apenas 7 de um total de 60 prestações. Um negócio de pai para filho
mesmo. Na verdade Willian Sade me deu o carro de presente. Atitude de poucos.
Guardo com carinho até hoje este precioso gesto dele, muito mais valioso que um
milhão de carros iguais àquele. Lembrei desta história hoje para deixar aqui o
testemunho de que, quando somos desprendidos assumimos gestos que jamais nossa
imaginação dimensionará seu verdadeiro valor. Willian Sade nos deixou há alguns
anos, mas ele vive em mim pela forma gentil com que procedeu. Gestos caridosos
e fraternais são eternizados. Aproveito para deixar também duas fotos do meu
primeiro carro, um Corcel Bege, retirado com toda a emoção em 1977 da garagem
da Metropolitana, na João Negrão. JoYa
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