Segunda-feira, 18 de
maio de 2015.
Jorge Yared - no início da carreira |
Março de 1972, então com 18 anos, comecei meus
trabalhos como redator de notícias da Rádio Iguaçu, integrante das empresas de
comunicação de Paulo Pimentel. Já estudante universitário conseguira o que
poucos conseguiam na minha idade: um cargo importante e de grande
responsabilidade, pois vivíamos na época sob o regime da ditadura. Os
jornalistas de então eram monitorados, muitas vezes sem saber ou perceber. Os
textos nunca iam ao ar sem antes serem revisados por um profissional de
confiança do patrão para que não colocassem a emissora em maus lençóis. Não
tinha ainda um mês de casa quando um senhor simpático adentrou em minha sala e,
educadamente pediu licença ao se sentar em uma das cadeiras lá existentes.
Pegou um jornal e começou a ler. Depois pegou outro, uma revista e
silenciosamente lá ficou por umas duas horas. De repente começou a conversar
comigo. Perguntou sobre meus estudos e sobre meu trabalho. Disfarçadamente
pediu para dar uma olhada nos textos já produzidos para o Jornal da Meia Noite
que era apresentado pelo saudoso Ivan Cury. (É calmo o início da madrugada! Era
como o Ivan iniciava suas apresentações). Bem, depois de algum tempo, aquele
simpático senhor se despediu e na porta deu uma piscada ao mesmo tempo em que
acenava com as mãos. Poucos minutos depois minha sala foi invadida por colegas
da redação da TV, que ficava ao lado. Perguntaram a mim (até então sem saber o
que estava acontecendo) qual foi o teor da conversa e o que eu havia falado a
ele. Só depois soube que se tratava de um militar responsável pelo
monitoramento do trabalho dos jornalistas. Ainda bem que segui os conselhos de
meu saudoso pai: - Meu filho, dizia ele, nunca se exponha a pessoas que não
conheça! Jovem ainda e, talvez pela inocência da idade fui provado e salvo
talvez pela limitação de informações nos conteúdos expostos àquele simpático senhor.
Evidentemente salvei meu emprego também. JoYa
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