sábado, 23 de maio de 2015

Difícil impasse: Em vez de buscar diálogo, governo prefere ameaçar diretores nos núcleos

Sábado, 24 de maio de 2015.
Antes do diálogo é preciso resgatar a confiança entre as
partes, desgastada com as equivocadas decisões do governo
Tenho acompanhado opiniões (algumas de especialistas) quanto a solução da crise pela qual passa o governo, os funcionários públicos e o povo paranaense nos últimos meses. Em relação ao impasse com os professores estaduais, a grande maioria entende que qualquer solução passa pela retomada, primeiro do respeito, segundo da confiança e terceiro, resultante das duas primeiras, do necessário diálogo entre as partes. Nem que para isso seja necessário, a princípio, a presença de um intermediador que goze de credibilidade e confiança das partes. Também, assim como eu, os especialistas entendem que o agravamento da situação é resultado de medidas equivocadas que vêm sendo tomadas pelo governador Beto Richa, notadamente nas últimas semanas. Durante a campanha, onde quer que estivesse o discurso de Richa era o investimento em diálogo. Hoje percebe-se que era retórica de campanha. As decisões têm sido unilaterais e os seus negociadores chegam com números fechados e sem postura alguma de flexibilização. Então deixa de ser negociação e sim imposição. Uma inequívoca demonstração de que o governador age em contrário ao seu discurso de candidato. A realidade que, enquanto homem público, não pode haver duas pessoas: O Richa candidato e o Richa empossado autoridade, sob pena deste perder a credibilidade junto aos eleitores e seus próprios comandados. Quando um governante perde a credibilidade por agir diferente daquilo que prometera, com certeza põe em risco sua governabilidade. É o retrato do que vem acontecendo aqui no Paraná. O cientista político da UFPR Fabrício Tomio diz que uma solução possível para a crise seria um acordo entre os poderes Legislativo e Executivo, envolvendo os diversos partidos (inclusive os da oposição), para amenizar a sensação de falta de credibilidade do governo. Esse acordo deve ser acompanhado de medidas efetivas em outras áreas. Segundo Tomio “Todos os atores têm de participar do sacrifício”. A grande questão é tentar convencer aos afetados de que assumam sacrifícios depois do governo agir de forma diferenciada quando aplica reajustes e benefícios aos que servem os poderes daqueles aplicados aos que servem o público. Quando serve aos poderes, concede reajustes generosos a quem já ganha bem, gastos excessivos com propaganda, concessão de auxílio-moradia e outros benefícios que certamente poderiam ter sido evitados por quem exige sacrifícios da grande maioria. E hoje, com a pressão legítima dos servidores, a reconhecida crise econômica enfrentada pelo Brasil e internamente com as dispendiosas questões estruturais atreladas ao orçamento do Estado, o problema de caixa (gasto sem controle no primeiro mandato) somados aos aludidos problemas herdados do anterior, as finanças têm sido um problema que leva Richa a se desgastar perante a população, uma vez que seus secretários especialistas não conseguem encontrar soluções convincentes para o entrave. Cito aqui a opinião da professora de Administração da Unicuritiba Patricia Tendolini que diz que “No curto prazo a solução para a crise do Estado passaria pelo aumento de arrecadação e diminuição de gastos. Na prática, isso significa aumento de impostos e redução de investimentos”, explica Tendolini. O problema é que antes de transferir a conta para a população, o governo precisava ter realizado corte de gastos de custeio, isto é, ter mostrado à população que a hora era de sacrifícios e que ele, governo, estava fazendo sua parte. Mas ele não fez a sua parte. Preferiu preservar gastos supérfluos e concessões inoportunas para a época e hoje se vê obrigado a fazer cortes em gastos importantes para o funcionamento do estado, gerando toda esta reação em cadeia.
Mas, o grande impasse de tudo, na minha opinião é a tremenda falta de credibilidade que se tem no comando. Na sua capacidade de gerir. Percebam que hoje, em vez de buscar o diálogo o que se vê são professores e diretores sendo ameaçados em seus respectivos núcleos, numa demonstração inequívoca de que se está diante de um poder despótico e, portanto dissociado daquilo que se entende por democracia, regime que oferece princípios que norteariam a se buscar nesta hora o consenso através de um diálogo com foco nas soluções e não no caos.
Desse jeito, o impasse está criado e se a estratégia de negociação não mudar e, principalmente se o governo não tratar os professores com o respeito que merecem, não vislumbro coisa boa pela frente.
Aí todos perdem. JoYa


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