Quarta-feira,
23 de março de 2016.
Há que se ter muito cuidado para
que a sensação de golpe não impere após
a ação de um Congresso
totalmente desacreditado pelas últimas denúncias
de corrupção.
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Um amigo que estimo muito
escreveu em minha página que já estamos vivendo um caos, como justificativa
para a retirada imediata da presidente Dilma do poder. Penso diferente. O caos
se instala a partir da desobediência ao Estado de Direito como consequência do
comportamento das instituições que, criadas para dar sustentação ao equilíbrio
social, acabam por extrapolar suas prerrogativas (o fim justifica os
meios) e impõem sua vontade independentemente de ser legal ou não. O que
defendo é que as decisões sejam tomadas baseadas na lei. A retirada de um
presidente, por exemplo, deve dar àqueles que irão se sentir frustrados com a
medida (a corrente que defende a continuidade do mandatário) uma sensação de
que a decisão foi baseada na lei (do impeachment) transgredida claramente pelo
acusado. Entenda que esta questão é polêmica. Não concordo que estejamos
vivendo o caos. Vamos vivê-lo a partir do momento que uma Câmara dos Deputados,
comandada por um acusado de prática de corrupção e por não ter sido apoiado em
sua intenção de se livrar da investigação de parte da presidente, autoriza um
processo de impedimento contra ela. Este impedimento, mais a intenção da
inelegibilidade de Lula não serão assimilados pelos milhões de eleitores desta
corrente política. Foram quase três milhões e meio de votos a mais que o
candidato da oposição. Para esta gente aceitar o impedimento de sua candidata
será necessário um motivo convincente, plausível, legal. Minha preocupação é
exatamente a reação daqueles que vão se sentir vítimas de um golpe e decidirem
partir para um movimento imprevisível de retaliações. Daí insistir em minha
página um cuidado imenso para que a sensação de golpe não impere após a ação de
um Congresso totalmente desacreditado pelas últimas denúncias de corrupção.
Torço para que nada disto ocorra. Que eu esteja totalmente errado. Que seja
tudo uma teoria da conspiração de minha parte e que tudo acabe bem com a saída
da Dilma e a entrada daqueles que pousam hoje como legítimos defensores da
moralidade e de uma conduta absolutamente ilibada em sua trajetória política.
Não são meras palavras, pois o fator legalidade é o fiel da balança entre o
império do Estado de Direito e o caos generalizado. JoYa
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