Domingo, 31 de julho de 2011.
(Recebi de Cezar Oliveira, via portal A Turma do Porto) |
“Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto (pode ser um impecável cabernet), dizer à minha neta:
- Querida, venha cá.
Feche a porta com cuidado e
sente-se aqui ao meu lado.
Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho,
isso se chama colaboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí,
levantei e cheguei a algumas conclusões.
E agora, do alto dos meus 82 anos,
com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz.
Seja valente.
Siga sempre seu coração.
Para onde ele for, seu sangue,
suas veias e seus olhos também irão.
Satisfaça seus desejos.
Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor
que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser
uma grande menina ou uma menina grande,
vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos.
Tenha filhos.
Tenha um jardim.
Aproveite sua casa,
mas vá a Fernando de Noronha,
a Barcelona e à Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos.
Ame.
Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo
"ah, se eu tivesse feito..."
Vai que o carteiro ganha na loteria
- tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
Tenha uma vida rica de vida! Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Saiba AMAR, amando...
E tome conta sempre da sua reputação,
ela é um bem inestimável.
Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor.
Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você
se case com alguém parecido com você,
mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza,
que com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure
alguém diferente de você.
Mas para ter sucesso nessa questão,
acredite no olfato e desconfie da visão.
É o seu nariz quem diz a verdade
quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta,
do papel e do armário,
seus instrumentos de criação.
Leia. Pinte, desenhe, escreva.
E por favor, dance, dance, dance até o fim,
se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais.
Eles te amam para além da sua imaginação,
sempre fizeram o melhor que puderam,
e sempre farão.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma
coisa que eu aprendi nessa vida é que um
único pontinho preto num oceano branco
deixa tudo cinza.
Era só isso, minha querida.
Agora é a sua vez.
Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você”
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