sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ricardo Boechat sobre a defesa de Carli Filho: "Falta compostura e sobra canalhice!"


Sexta-feira, 26 de agosto de 2011.
Jornalista Ricardo Boechat,
da Rádio Bandnews
Comentário feito pelo jornalista Ricardo Boechat na rádio Bandnews para todo o Brasil, no dia 16 de agosto de 2011 às 09:59, sobre a tese de defesa dos advogados do ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, comandados por Rene Dotti, que acusam as vítimas como culpadas do acidente onde morreram:

“Eu confesso que sempre me coloco com uma certa perplexidade diante de certas linhas de defesa. Eu não entendo o que é ser um advogado, portanto me perdoem aqueles que são e não se ofendam com o meu raciocínio leigo, portanto sujeito a uma margem de idiotice.

Eu entendo que um advogado deve encontrar dentro da lei, dentro da razoabilidade dentro da verdade aquilo que possa atenuar, favorecer seu cliente.

Então, por exemplo, eu vou aqui e mato o Fernando Solano no estúdio ou estrangulo a Tatiana Vasconcelos, o meu advogado não poderá dizer que o Fernando Solano ou a Tatiana Vasconcelos colocaram o pescoço nas minhas mãos e fizeram com que eu apertasse o pescoço deles. Ele não pode tentar uma argumentação dessa porque isso é uma calhordisse, uma afronta, uma ofensa a vitima, a família da vitima. Agora, como é possível um cara que esta defendendo um assassino, canalha como esse deputado.

Esse cara já matou esses dois rapazes mais de um ano. Ele admite que o cara vinha em excesso de velocidade, 170 Km/h não é excesso de velocidade, é uma tentativa de vôo, uma tentativa de decolagem. 170 Km/h é velocidade de autódromo. Não há estrada no Brasil que permita velocidade de 170 Km/h. As autoestradas brasileiras permitem até 120 km/h.

Então esse canalha, cafajeste, filinho de papai, deputado, não estava em excesso de velocidade, ele estava em uma velocidade absolutamente imoral, impossível, inaceitável. Evidente que alguém que vai entrar em uma pista preferencial e olha para esquerda não vai ver algo que esta se deslocando a 170 Km/h, exceto quando esse desgraçado passar e degolar você.

Esse advogado, ainda que os honorários lhe sejam necessários, podia ter um pouco de compostura moral e não ofender as vítimas e suas famílias com esse tipo de canalhice.

...Dinheiro compra qualquer “reputação” e “princípios”…Como diziam os romanos: “dinheiro não tem cheiro” ou “dinheiro não fede”.

Como escreveu Titãs em uma de suas músicas “... o homem ainda faz o que o macaco fazia”.

Espero estar vivo para ver esta tal evolução da raça humana que tanto ouço falar.”
Jornalista Ricardo Boechat,


 * E, da forma mais decepcionante possível, mas, esperada pelo corporativismo existente nas entidades profissionais (ela não é a única), a OAB-Pr envia nota de desagravo à Bandeirantes de Curitiba, contra o comentário acima postado e que foi ao ar para todo o país pela Rede Bandeirantes de Rádio. Defender uma tese equivocada e cínica mostra que a entidade representativa dos advogados está mais preocupada com a "imagem" do ilustre causídico do que com a lisura e a postura que um profissional daquele nível deveria ostentar. Nessa altura da vida, com um nome e uma imagem a zelar, defender uma tese estúpida daquela, vem a manchar toda uma folha corrida de bons serviços prestados à Justiça. O que está pegando: grana, vaidade, poder? A defesa da justiça é que não é! Culpar as vítimas da forma como a colisão ocorreu, já comprovada pela perícia, é de uma insensatez plena. Sair em defesa do profissional, por mais respeitado que seja, é assinar embaixo. Seria muito melhor se a entidade paranaense não se pronunciasse nesse caso. Pelo visto, a influência do causídico em questão é muito grande, não só junto ao Tribunal, mas também junto aos colegas, muitos deles, seus ex-alunos, como o seu atual presidente.

1 comentários:

Eu concordo com o Boechat e fiz uma rápida análise sobre a estapafurdia do advogado de defesa:
Em velocidade normal um carro levaria 34 segundos para rodar 150 metros.
Um corpo deslocando-se a 170 km/h cobriria uma distância de 150 metros em 3 segundos.
Assumindo-se que o carro dos rapazes tenha levado 3 segundos entre parar na confluência e arrancar com segurança sem perceber veículos na via preferencial, e, assumindo-se que o carro do deputado estivesse com os faróis acesos, o mesmo estaria a, no mínimo, 150 metros do ponto, onde existe uma curva, logo impossível se ver.

Senhor Rene Dotti, largue os livros de direito e estude alguma matemática!

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