Segunda-feira, 07 de
maio de 2012.
A sensação de
impunidade doe tanto quanto a perda de um ente querido
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Não foi o primeiro, nem será o último. Nas estatísticas
apenas mais um. O que tem diferenciado então para a sociedade este dos demais?
As razões todos já conhecem e as mesmas causam indignação daqueles que ainda
confiam no sistema judiciário brasileiro, afinal lei existe para ser cumprida,
polícia para prender quem não a cumpre e justiça para julgar e aplicar a pena,
se for o caso, de condenação. Mas, neste especificamente, fato e atos não seguem
uma trajetória pelo menos desejada e esperada pelo conjunto da sociedade. Hoje
é preciso lembrar que dois jovens morreram no trânsito da grande cidade. Era
madrugada. Poucos carros na rua. Início normal das madrugadas curitibanas em dias
de semana, onde o silêncio e a tranqüilidade imperam. Depois de entrar à
esquerda em um sinaleiro ligado no “pisca-pisca”
e percorrer alguns metros com seu carro Honda Fit, um jovem e seu amigo foram
colhidos por um Passat Alemão que desenvolvia velocidade assombrosa para uma
via urbana. A perícia da polícia apontou um mínimo 160 km/h. O cidadão que
conduzia este veículo sobreviveu. Culpado ou não, indícios apontam para um
julgamento conforme o que determina a lei. Aí saberemos pormenores do ocorrido,
juntados pela promotoria e advogados, de acusação e defesa. O que não pode acontecer
é o tempo passar e o assunto não ser lembrado. Mais do que fazer justiça às
duas mortes, o julgamento tende a ser um divisor de águas nos assuntos
relacionados às tragédias urbanas protagonizadas pelo trânsito. A sensação de
impunidade doe tanto quanto a perda de um ente querido. Eu, tio, e tenho
certeza seus pais, demais parentes e amigos sabem muito bem do que estou
afirmando. É esta a dor que sinto hoje. Mas quero crer que a Justiça paranaense
não vai deixar passar em branco esse caso. É mais do que uma questão de honra.
Trata-se simples e puramente uma questão de justiça, na acepção do termo. Se
não vejamos:
“O conceito de justiça tem a sua origem no
termo latino iustitĭa e refere-se a uma das quatro virtudes cardeais, aquela
que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A
justiça é aquilo que deve fazer de acordo com o direito, a razão e a equidade. A
justiça refere-se também ao Poder Judicial e à pena ou ao castigo público.
Desta forma, quando a sociedade pede justiça perante um crime, o que faz é
pedir ao Estado que garanta que o crime seja julgado e castigado com a pena
merecida, de acordo com a lei vigente.”
E é exatamente isso que nós da família Yared e a sociedade esperamos.
Três anos se passaram do fato que hoje lembro com duplo pesar: pela saudade
irreparável de meu sobrinho e pela morosidade reparável em se julgar o fato que
determinou sua prematura partida.
Mas, com certeza não deixaremos de lembrar que hoje, 7 de maio, 3 anos se
passaram da tragédia do Mossunguê, sem que o caso tenha ido sequer a
julgamento. Realmente, um dia para não ser esquecido enquanto àquele conceito
teórico de Justiça não for aplicado na prática.
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