Quinta-feira, 11 de agosto de 2011.
Enrolação no trabalho não é de todo errado. Há quem a defenda |
Tânia (nome fictício), 26, trabalha como auxiliar administrativa numa empresa de limpeza e, entre outras funções, precisa levantar dados sobre faltas e mapear o destino dos funcionários. A profissional deveria escrever um relatório por dia, mas, às vezes, deixa o trabalho acumular por até três dias, quando redige todos de uma vez. É que as informações não são repassadas aos superiores diariamente. Mesmo com as tarefas a serem cumpridas, ela costuma bater papo com colegas e navegar pela internet. "Fico no Orkut. Um amigo meu traz de casa um computador com conexão. Mas só faço isso quando a supervisora não está na sala. Ela ainda não me pegou", conta, rindo.
Para Ana Cristina Limongi-França, professora do núcleo de gestão de pessoas da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), esse tipo de atitude dever ser encarada como natural. "Todo mundo tem potencial para procrastinar", considera. A embromação no trabalho acontece por diversas razões, segundo a professora. Na lista, diz ela, estão cansaço, tarefas desagradáveis a serem feitas e falta de informações suficientes para cumprir a obrigação. Muitas vezes, explica Limongi-França, a execução de uma tarefa deslancha com a pressão do prazo. "Às vezes, [o profissional] enrola, até que chega um momento crucial. Daí ele toma um susto grande, dá uma chacoalhada interna e termina [a tarefa]."
O administrador de condomínio Alan, 20, calcula que, de cada oito horas que trabalha, uma é gasta em atividades que não são essencialmente produtivas. Mas ele diz considerar o período de ócio importante. "É preciso espairecer para voltar ao zero, principalmente se a atividade é monótona", afirma.
DISCIPLINA PARA EMBROMAR
A professora diz que o ideal é assumir que a procrastinação acontece e incorporar e planejar esses momentos de ócio na rotina. "O profissional tem que decidir quanto tempo vai gastar com as distrações, marcar com o despertador e parar."
Marcos, 29, trabalha com tecnologia de informação e afirma que só acessa e-mails pessoais ou navega por sites de esporte se não tem tarefas a cumprir. "A empresa está me pagando para eu trabalhar, e não para acessar coisas particulares", diz. Mas, de vez em quando, ele desce até a rua para fumar ou tomar café. "Fazer uma pausa", afirma ele, é importante para trabalhar corretamente.
AUTONOMIA PARA FUNCIONÁRIOS
A diretora de comunicação corporativa da agência de publicidade DM9DDB, Lana Pinheiro, que tem uma equipe direta de três pessoas, diz que estimula os subordinados a terem perfil no Facebook e a participarem de redes sociais. O ambiente, segundo ela, é "lotado" de revistas e jornais e tem mesa de pebolim. "Achamos saudável que as pessoas tenham esse momento de escape, respirem e voltem. Pode ser tanto no computador ou no mundo real, dando uma volta, jogando pebolim", explica. Ela completa: "Como gestora, preciso dos resultados. A gestão do tempo é de autonomia do funcionário", diz. (Felipe Gutierrez/Folha Online)
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