Sexta-feira, 02 de dezembro de 2011.
As mitocôndrias, usinas de energia das células, são, ao mesmo tempo, a base da existência do câncer e o calcanhar-de-aquiles da doença (Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress) |
Uma nova pesquisa diz ter mostrado que as mitocôndrias (as usinas de energia das células) são, ao mesmo tempo, a base da existência do câncer e o calcanhar-de-aquiles da doença. É uma afirmação grandiosa, que ainda precisa de mais estudos para ser comprovada, mas o trabalho coordenado por Michael Lisanti, da Universidade Thomas Jefferson (EUA), traz dados intrigantes sobre a ação dos tumores --um comportamento que tem algo de vampiresco. Usando amostras de cânceres de mama, cercadas de tecido saudável, não afetado pelo tumor, os cientistas verificaram que as células tumorais aparentemente estavam "sugando" as sadias, usando-as como combustível para suas mitocôndrias.
SINAIS SUSPEITOS
Esses "pulmões" celulares são responsáveis por usar o oxigênio para produzir energia. Em laboratório, os pesquisadores americanos buscaram, nas células tumorais e nas suas vizinhas sadias, sinais das substâncias produzidas pelas mitocôndrias. O que eles viram é que, enquanto as células de câncer apresentavam marcas de altíssima atividade das mitocôndrias, as sadias no entorno estavam quase ou totalmente paradas, com pouca ação mitocondrial. Além disso, as células sem a doença estavam repletas de substâncias químicas que indicavam um "desmanche" celular. Era como se elas estivessem se desmontando e mandando matérias-primas para as células cancerosas. Por isso, a pesquisa compara a relação entre os dois tipos de célula à interação entre um parasita e seu hospedeiro --com o câncer no papel parasitário, claro. A estratégia óbvia para acabar com a brincadeira envolveria o uso de drogas que inibam a atividade das mitocôndrias, já que elas afetariam o tumor seletivamente. Por sorte, esse tipo de remédio já existe, sendo usado contra diabetes, por exemplo. Se o estudo estiver correto, não deve ser muito difícil levar a idéia para os hospitais. A pesquisa está na revista científica "Cell Cycle". (Ciência e Saúde/Folha Online)
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