Segunda-feira, 08 de julho de 2013.
Contam que, longe da Capital, realizava—se audiência criminal. O juiz interrogava ofensor de honra alheia. Fora da sala de audiência, estagiário apresentara—se, bem cedo, à escrivã. Devia cumprir uma das etapas de estágio universitário e, para isso, recomendara—lhe o professor de prática penal que assistisse o desenrolar de uma audiência criminal e a relatasse, depois, na escola, aos demais acadêmicos. Pela praxe, estava engravatado o estagiário; o pai emprestara—lhe a gravata. Identificou—se à auxiliar do juízo e contou—lhe a razão de sua visita ao fórum. Por ela, automaticamente, teve apontada a porta (fechada) da sala do juiz. Medroso (e não há como negar a existência de medo infundado que o foro (sempre solene) ocasiona naquele que o procura), perguntou o acadêmico à escrivã se podia entrar na sala; se a porta estava fechada, não perturbaria outrem? Não ficaria bravo o magistrado acaso a abrisse? Poderia entrar, desenvolvendo—se a audiência? Estimulado a dirigir—se ao local, a escrivã informou ao rapaz ser legal o juiz, um jovem ainda antigo professor que, por estimar os universitários, muito os estimulava a até abraçarem a magistratura, como futura profissão.
E o rapaz foi ...
O fato, cuja reconstituição interessava ao juiz, para realizar o princípio da verdade material, teria acontecido em reunião de clube de serviço. Dois companheiros odiavam—se de morte; ao discursar, um chamou o outro de f.d.p. O ofendido, porque humilhado publicamente, contratou advogado. Queixa foi oferecida e colhia—se o interrogatório do réu ...
Frente à frente, o juiz indagou do acusado se esteve na reunião, se discursou e se chamou o querelante de f.d.p. Ousado, afirmou (e reafirmou) a autoria e o magistrado passou a ditar a resposta para a escrevente. Alta era a voz do juiz, rouca e pausada:
— que, indagado se comparecera à reunião, se lá discursara e se chamara o querelante de (abre aspas) ...
Incrível, mas nesse exato momento, coincidentemente, o moço estagiário abre a porta e põe a cabeça para dentro da sala, e o juiz, sem o observar, continua o ditado ...
— ... f.d.p. (fecha) ...
Assustado, achando—se enganado pela escrivã, pé—ante—pé de início e correndo depois, deitando o cabelo, sem se despedir dela, o menino, com medo do juiz ... fugiu do fórum ...
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