A imprensa nacional dedicou editoriais, capas de jornais e revistas, páginas e mais páginas de suas edições desta semana à catástrofe natural ocorrida no Japão. Mas com raras e honrosas exceções, esqueceu de citar um tsunami que passou por aqui durante o carnaval. O Brasil enfrenta uma tragédia de dimensões semelhantes à catástrofe japonesa. Podemos dizer que a daqui é muito mais grave. O tsunami que passa por aqui de forma recorrente acontece nos feriados e deixa milhares de mortes todos os anos nas estradas do país, sobretudo as federais. Só em Minas foram 1.344 mortes no local do acidente em 2010. Pasmem, mas foram 27.336 acidentes com 16.695 feridos. Estima-se que 40% dos feridos graves morrem a caminho do hospital ou alguns dias depois e não aparecem em nenhuma estatística. Durante o carnaval de 2011 foram 223 mortes nas estradas federais que atravessam o país. A culpa dessa carnificina é debitada na conta da imprudência pelas autoridades, mas a realidade mostra que 83% das mortes poderiam ser evitadas se a estradas fossem pelo menos duplicadas. Contra os imprudentes a única solução é estrada segura, pois eles sempre vão existir. Basta comparar os números de São Paulo, que tem uma frota de 22 milhões de veículos e estradas seguras, com a dos outros estados que são campeões de acidentes – MG (com 7 milhões), Rio, Paraná e Santa Catarina (com pouco mais de 4 milhões cada um) - prova inequívoca de que rodovias seguras evitam mortes.
(José Aparecido Ribeiro, especialista em trânsito e assuntos urbanos)
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