Sexta-feira, 6 de maio de 2011.
Não podemos considerar o triunfo do Coritiba sobre o Palmeiras, ontem à noite, uma simples vitória na disputa de um jogo de futebol. Dá parar retirar dela, várias outras. Por isso, o futebol é um esporte apaixonante e nos ensina muita coisa. Eu não sou torcedor do Coritiba. Como disse em postagem anterior, torço para o Atlético Paranaense e vencer o Coritiba sempre foi minha alegria maior como torcedor, comparada à conquista de um mundial pelo Brasil. Foi e continuará sendo, mas dentro das quatro linhas. Tenho irmãos, primos, sobrinhos, tios e grandes amigos que torcem para o Coritiba e nem por isso deixei de respeitá-los e amá-los. Futebol é um esporte. A competição é que faz a graça de sua prática, pois se um dia perdemos, dessa derrota tiramos lições para num futuro embate nos sagrarmos vencedores. Mas, não uma vitória permanente, pois a competição com nossos adversários exige estarmos em constante aperfeiçoamento e preparação. E assim, podemos transferir esse comportamento para a nossa própria essência de viver. São ensinamentos que não podemos deixar passar em branco. O Coritiba, há pouco tempo atrás, viveu uma dramática queda para a Segunda Divisão do futebol brasileiro. Devido à reação de confusos torcedores (para não se dizer outra coisa) o Coxa sofreu a mais severa pena já imposta a um Clube, no futebol brasileiro. Como se não bastasse a ida para a segunda divisão e a multa pecuniária, o Coritiba perdeu inúmeros mandos de campo, sendo obrigado a disputar grande parte do campeonato em outra cidade, a mais de 100 kms de Curitiba. Seu treinador, Nei Franco, francamente tem que ter uma estátua do Alto da Glória, pois, creio, tudo começou com a atitude decente deste profissional, rara hoje em dia, de permanecer. Há que se considerar também a postura clarividente dos dirigentes que o mantiveram no comando da equipe, mesmo com o rebaixamento. Tudo começou com essas duas atitudes: de Nei em permanecer, e a dos dirigentes em mantê-lo. Veio a hora do planejamento. Nada se conquista sem planejamento. E o do Coritiba foi seguido à risca. Pés no chão, motivação por um objetivo e muito trabalho, e é claro com sua força maior: o apoio de sua grande torcida, que em nenhum momento abandonou o Clube. De lá para cá, só alegria. Houve primeiro, a conquista do retorno à Primeira Divisão e posteriormente a do próprio campeonato. Com a ida de Nei Franco para a Seleção Brasileira, outro episódio diferenciado: o treinador que sai indica o que entra. Isso é muito difícil de acontecer no futebol. Mas aconteceu nesta brilhante reconquista do Coritiba. E o trabalho continuou dentro do que foi inicialmente planejado. À risca. Sem trauma de percurso. Veio o campeonato paranaense. Com alguns reforços, o Coritiba inicia a competição como time de Primeira Divisão do Nacional, como campeão da Segunda e motivado a mais uma conquista: o bi-paranaense, tendo como seus principais adversários o Paraná e o Atlético Paranaense, clubes de grande respeito dentro do cenário futebolístico nacional. Pois nesta competição dois feitos marcantes: a conquista do bi de forma invicta e uma sequência fantástica de vitórias, ultrapassando o então detentor do recorde, o Palmeiras. E essas vitórias não foram só conquistadas no Campeonato Paranaense, mas também na Copa do Brasil, competição paralela. Tudo isso foi dito para se chegar ao jogo de ontem. A imprensa nacional, principalmente a paulista tende a sempre diminuir o futebol paranaense, em relação a praças tradicionais do futebol: Minas Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e a deles, São Paulo. É como se pertencêssemos a uma segunda linha de montagem. Praça para laboratório de jogadores. Jogar em Curitiba para eles é obrigação de vitória, são 3 pontos garantidos, e blábláblá...E foi assim que os palmeirenses liderados pelo boçal Felipão chegaram na véspera a Curitiba. Desdenhando as recentes conquistas do adversário e tendo como certa a passagem para as semi-finais da competição. E veio o jogo. As coisas têm sempre que ser comprovadas, no futebol, dentro de campo. E foram. E como foram. 6 gols que calaram a boca dos prepotentes paulistas. Sinceramente, para mim não importa se o Coritiba vai ser campeão ou não desta competição, pois campeão ele já demonstrou que é por tudo o que foi aqui relatado. Se vencer, será apenas mais uma conquista esportiva, entre as inúmeras que já obteve. O futebol é assim. Ganha-se hoje, mas o amanhã está aí a cobrar mais e mais...e assim é a vida para todos. O que importa nisso tudo, são as lições que essa trajetória do Coritiba dá a todos. Espero que não só na área do futebol, mas em todas as outras. Que essas lições que foram assimiladas pelos coritibanos, sejam também aprendidas por todos, em quaisquer áreas de atuação. Reconhecer a queda, entender sua efemeridade, buscar sempre a união do planejamento e do trabalho e com humildade e perseverança partir para a conquista das novas oportunidades que a vida nos oferece. Essas são atitudes de verdadeiros campeões, sejam quais forem suas áreas de atuação.
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