sexta-feira, 13 de abril de 2012

E a vaca foi pro brejo

Sexta-feira, 13 de abril de 2012.
Um velho monge e seu discípulo costumavam visitar as pessoas que moravam em vilarejos distantes da cidade. Num dos seus passeios, já estava anoitecendo e eles ainda estavam no meio de uma estrada, distantes do vilarejo para onde se dirigiam. Avistaram um sítio, aproximaram-se e pediram pousada durante aquela noite.
O sítio era muito simples. Ali, viviam um casal de aparência humilde e seus três filhos, pequenos, raquíticos. A pobreza do lugar era visível e, mesmo assim, eles acolheram, de bom grado, a dupla de viajantes.
Durante o jantar, onde fora servido mingau de leite com farinha, o mestre indagou: “-Neste lugar não há sinais de comércio ou de algum trabalho. Também não vimos nenhuma plantação. Como vocês sobrevivem aqui?”
O dono da casa respondeu: “- Meu amigo, nós temos uma milagrosa vaquinha, que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse leite nós vendemos ou trocamos na cidade, por outros alimentos ou coisas que necessitamos. Com a outra parte fazemos queijo, coalhada, pirão e, assim, vamos sobrevivendo. Não sabemos plantar, também acho que essa terra não dá nada e tudo aqui é muito difícil. Ai de nós se perdemos a nossa vaquinha!”
De madrugada, os dois receberam um copo de leite quente. Em seguida, agradeceram a hospitalidade e foram embora. Assim que saíram do sítio, o mestre ordenou ao discípulo que ele pegasse a vaca e a atirasse num precipício. O jovem, surpreso, não só se chateou como ficou revoltado com a atitude desumana do seu mestre: “-Como podemos destruir a única fonte de sobrevivência dessa família?”
Relutou um pouco, mas limitou-se a cumprir a ordem do mestre. Alguns anos depois, o jovem  retornando sozinho àquela região, resolveu dirigir-se ao sítio daquela família que lhes hospedara.
Chegando lá, qual não foi o seu espanto quando verificou que o local havia mudado muito. O casal que vinha em sua direção era o mesmo, mas estava feliz. As crianças cresceram e, agora, já quase adolescentes, estavam bonitas, bem nutridas. Tudo havia passado e para melhor: horta, frutas, galinhas, animais diversos passeavam pelo sítio. O jovem, não acreditando no que via e ainda sentindo-se culpado, questionou: “- Como é possível vocês terem progredido tanto?!”
Ao que o casal respondeu: “- Quando vocês estiveram aqui a nossa situação não era das melhores. Tínhamos só uma vaquinha e toda a nossa sobrevivência vinha dela. Logo após a saída de vocês, aconteceu uma tragédia - nossa vaquinha caiu num precipício. Entramos em desespero, mas, daí em diante, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver outros meios de sobrevivência. Descobrimos que a nossa terra era fértil e boa para legumes e frutas. Fomos, aos poucos, criando gosto e hoje é essa beleza que o senhor está vendo. Graças à perda da nossa vaquinha.”
REFLEXÃO
Essa estória é muito oportuna para levar as pessoas à reflexão sobre situações de acomodação e o quanto é importante inovar. Como aprendizado essa estória é bastante profunda, pois crises são deixas para o nosso crescimento. Sermos obrigados a sair da zona de conforto machuca, mas no final, ficamos mais fortalecidos, mais criativos. Mandar a vaca para o brejo não significa perder e morrer. É, na verdade, uma excelente e dolorosa oportunidade para redimensionar valores, atitudes e novos planos.
* A estória se faz muito oportuna nessa época de eleição onde encontramos candidatos que se dizem progressistas, mas que são na realidade adeptos da zona de conforto e compartilham para a sobrevivência da vaquinha de seus eleitores. É com pesar que vemos isso acontecer porque ainda são muitos os eleitores que ainda aceitam e veneram essa situação e, infelizmente, para o nosso progresso, em maioria. É importante que esse quadro se reverta para que o conformismo dê lugar à esperança de uma nova luz. Só assim esses candidatos se eliminarão por si só da vida pública dando lugar a políticos alpinistas e proativos. (Garretano Coach)

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