Abro meu e-mail neste sábado e recebo uma correspondência de outra colega da Educativa, a Kelley, com quem não tive oportunidade de trabalhar, pois estávamos em turnos diferentes. Era uma profissional que como eu, procurava cumprir com suas obrigações, desempenhando seu talento na construção de uma programação televisiva com identidade paranaense. Para nós não interessava se o governo era do PMDB, do PT, do PSDB, do PDT ou de qualquer outro partido. Focávamos em nosso trabalho do dia-a-dia: estabelecer as pautas, cumpri-las, editá-las e após, fazer a apresentação no Jornal ou demais programas da emissora. Eu tinha, como tenho, a consciência da responsabilidade de bem apresentar este respeitado trabalho realizado pelos meus colegas. Logo abaixo, peço licença para mostrar o conteúdo desta correspondência da Kelley. Nela outra grave denúncia contra o que está acontecendo na TV Paraná Educativa:
Kelley Ambrósio, demitida mesmo afastada por doença |
"Oi Yared, tudo bem? Puxa, conversamos tão pouco na TV, mas sempre ouvi falar muito bem de vc, que era um cara tranquilo, calmo, fácil de se ter por perto pra trabalhar... Sinto muito, muitíssimo por ver toda a nossa equipe se dissipando no ar... Tudo bem que é normal que um novo Governo precise ter algumas pessoas de sua confiança por perto, para uma nova era que se inicia... Mas, demitir assim, a esmo, pessoas competentíssimas como você e vários outros colegas, é realmente difícil de aceitar, né? Vc acredita que me demitiram também, mesmo eu estando afastada por doença, depois de ter feito duas cirurgias na coluna, por conta do tombo que sofri nas escadas da Educativa? Pois é... Não respeitaram nem mesmo o período de estabilidade que eu deveria ter por lei. Bem, como eu tenho dito a todos que estão "pipocando" de lá, aos poucos, o jeito é correr atrás do prejuízo e mostrar o nosso talento em outro lugar, que nos valorize um pouco mais, se não pelos Jornalistas competentes que somos, que seja pelo menos pelo ser humano que somos... Abraço!"
E não parou nesta dispensa da Kelley, não! As mesmas devem continuar. É o desmonte de uma boa equipe de profissionais, sem nenhum motivo que não seja o fisiológico. São pessoas que equivocadamente substituem os atuais profissionais, por outros alinhados com os novos chefes. Poderia ser uma coisa normal se o comportamento não fosse baseado num princípio que não respeita a condição moral do profissional e nem a de saúde. É a tal demissão sem causa justa. Ou é justo aceitar uma demissão sem precedentes na história da televisão paranaense? Não está sobrando ninguém. Os que ainda estão por lá, devem permanecer até serem substituidos gradativamente para que o seu setor não prejudique os demais. A cada dia aquele que no dia anterior dormia achando que havia escapado da degola, é convidado educamente a se retirar. Sem nenhuma verba rescisória. Tchau e by by. Arrivedercci. So long. E o pior, é todo mundo achar que se trata de uma coisa normal. Como é que pode o Estado criar uma condição tão imoral e injusta de tratamento aos trabalhadores? Como o Ministério Público do Trabalho permite que isto aconteça? Quem trabalha, não interessa para quem, deveria ter o direito, caso dispensado, de receber as garantias trabalhistas. Mesmo com o instrumento do "cargo comissionado". Se é descontado o imposto de renda, se também é recolhido o INSS, se é reconhecido e pago o direito das férias anuais de 30 dias, porque o não recolhimento do fundo de garantia? Porque o não reconhecimento das férias proporcionais e do décimo terceiro proporcional e a concessão do aviso prévio e do seguro desemprego? O Estado não dá o bom exemplo à classe empresarial, da qual exige todas essas obrigações. "Façam o que eu determino, mas não executem o que eu faço!" Isto é mais do que injusto: fere ao principio da isonomia, que determina o direito igual de todos perante a lei. E no caso da Paraná Educativa, tem o agravante de que também os funcionários "sob cachê" e os do convênio com a Funpar, também estão sendo dispensados. E nas mesmas condições dos comissionados. São, enfim, todos trabalhadores iguais a qualquer outro ligado ao mercado formal. A diferença está no patrão. Enquanto um serve à iniciativa privada e tem seu direito respeitado, o outro serve a uma gestão de governo, que cria um artifício para usar mão de obra temporária, sem o comprometimento financeiros de uma rescisão. Mas, o trabalhador serve ao Estado e não ao governo. Ele trabalha para servir à população e não ao governante. É preciso que se reveja urgentemente este sistema de contratação para que, no caso do Paraná, os 3.500 funcionários que ingressaram no lugar daqueles demitidos, não enfrentem ao final da atual gestão, a mesma situação daqueles que sairam. E 4 anos passam rápido, muito rápido!
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