Quarta-feira, 21 de março de 2012.
As únicas vezes que viu seu rosto foi no reflexo distorcido das águas de uma bacia, onde lavava o rosto ou no riacho, onde se refrescava em dias de muito calor |
Certa vez uma linda menina morava em um lugar bem afastado de tudo e de todos. Seus pais sobreviviam da agricultura e muito raramente iam para o vilarejo que ficava cerca de vinte quilômetros de onde moravam, uma casinha de sapé com dois cômodos, quarto e cozinha. O banheiro era o que chamam de “casinha” e ficava afastado devido ao mau cheiro que exalava da fossa. Enfim, uma vida de parcos recursos, onde a sobrevivência era tirada da terra e da criação. A menina, por incrível que pareça nunca havia visto a imagem de seu rosto em um espelho, pois simplesmente seus pais não o tinham. As únicas vezes que viu seu rosto foi no reflexo distorcido das águas de uma bacia, onde lavava o rosto ou no riacho, onde se refrescava em dias de muito calor. Nunca tinha ido a uma escola e muito menos contato com a civilização, após se tornar mocinha, pois ajudava a mãe e o pai nos afazeres diários. Cresceu achando que seu rosto era aquela imagem mostrada no reflexo das águas. Ela tinha um sonho, o sonho de toda menina: a de encontrar o príncipe encantado, aquele mesmo das historinhas contadas pela sua mamãe. Mas, este sonho parecia impossível de acontecer, de se tornar real, uma vez que, segundo a imagem que conhecia de si, não tinha a beleza de uma princesa. Ao contrário do que achava da imagem que projetou de si mesma, ela era uma jovem muito bonita, digna das mais belas princesas das histórias infantis. Chegou o dia em que o pai e a mãe resolveram sair daquele lugar e ir morar na cidade. Chegaram de carroça no vilarejo e de lá tomaram o ônibus para a cidade grande. Muito humildes e simples, os três ao se instalarem junto aos parentes da cidade, que dariam assistência a eles naquele momento, foram levados até uma loja para comprar roupas apropriadas, pois simplesmente não às possuíam. Foi onde, pela primeira vez, esta jovem e bela moça teve a oportunidade de se ver em um espelho. Foi uma revelação. Primeiro porque achou a primeira vista que não era ela, e depois, constando ser mesmo sua imagem a revelação: o jovem vendedor, filho do dono daquela loja, que a atendia, a olhava com o olhar dos apaixonados à primeira vista. Retribuindo o olhar, a menina encontrara o seu príncipe encantado, “encantados” pelo amor que surgia no primeiro olhar, no primeiro encontro, nos primeiros momentos de uma bela vida que se seguiu. Casaram e vivem felizes até hoje.
Cautela com as falsas imagens
Devemos ter cuidado também dos falsos conceitos que criamos por estarmos “afastados” do contexto da realidade |
Desta bela estória algumas lições. Devemos ter muito “cuidado” com as imagens distorcidas que “falsos espelhos” projetam de nós e para nós. Muitas vezes somos induzidos a acreditar naquilo que não é verdade e por basearmos nossa crença em um engodo, perdemos tempo valioso em nossa vida. Devemos ter cuidado também dos falsos conceitos que criamos por estarmos “afastados” do contexto da realidade. Muita leitura, estudo, compartilhamento de conhecimentos são necessários para “crescermos” e “multiplicarmos” nosso entendimento sobre de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. E a razão de tudo isso. E, finalmente, ao encontrarmos “nosso príncipe encantado”, nas oportunidades que a vida nos oferece, saibamos a partir delas construir e realizar nossos sonhos. Portanto, cuidado, muito cuidado com as imagens distorcidas que fazem de nós e o que é pior, fazemos de nós mesmos, por estar “olhando” e dando valor ou atenção para “falsos espelhos”.
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