Sábado, 24 de março de 2012.
Ao ler esta reportagem da Gazeta do Povo percebe-se porque é que tudo aconteceu. Primeiro, o despreparo dos policiais para distinguir “estado etílico” de um “AVC”(lamentável); depois vem o pior, as explicações do comando: “os policiais não são médicos”. Mais lamentável ainda é exigir que os parentes da vítima levem laudos médicos para "comprovar" a situação do paciente para liberar o veículo e a multa aplicada de maneira equivocada. Em vez de lamentar o ocorrido e fazer uma “mea culpa” pelo atendimento desastroso, o Comando do BPTRAN, lava as mãos como se nada de anormal tivesse acontecido. Quer dizer: ninguém pode ter AVC no trânsito aqui no Paraná. Se tiver vai preso, leva multa e pode morrer ou sofrer seqüelas graves e irreversíveis pelo despreparo dos policiais especializados em perceber o fato e dar atendimento. É o que dá a entender pela atitude do comando do BPTRAN ao não reconhecer o grave equívoco de seus comandados. Errar é humano, persistir no erro...
Ao ler esta reportagem da Gazeta do Povo percebe-se porque é que tudo aconteceu. Primeiro, o despreparo dos policiais para distinguir “estado etílico” de um “AVC”(lamentável); depois vem o pior, as explicações do comando: “os policiais não são médicos”. Mais lamentável ainda é exigir que os parentes da vítima levem laudos médicos para "comprovar" a situação do paciente para liberar o veículo e a multa aplicada de maneira equivocada. Em vez de lamentar o ocorrido e fazer uma “mea culpa” pelo atendimento desastroso, o Comando do BPTRAN, lava as mãos como se nada de anormal tivesse acontecido. Quer dizer: ninguém pode ter AVC no trânsito aqui no Paraná. Se tiver vai preso, leva multa e pode morrer ou sofrer seqüelas graves e irreversíveis pelo despreparo dos policiais especializados em perceber o fato e dar atendimento. É o que dá a entender pela atitude do comando do BPTRAN ao não reconhecer o grave equívoco de seus comandados. Errar é humano, persistir no erro...
A NOTÍCIA
Rosiane, mulher de Claudimar, afirmou que irá processar o Estado pelo descaso com o marido. Ele foi confundido com um bêbado enquanto sofria um AVC (Foto Heliberton Cesca / Gazeta do Povo) |
Perto das 23h35 desta quinta-feira (22) uma equipe do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) deteve o motorista de um Uno, que estava trafegando em zigue-zague pela Avenida Victor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã em Curitiba. O Boletim de Ocorrência (BO) afirma que o motorista Claudimar Araújo, de 42 anos, dirigia “com sinais visíveis de embriaguez.” Ele foi detido e encaminhado a Delegacia de Trânsito (Dedetran), onde foi autuado. Uma hora depois, já na madrugada desta sexta (23), a família foi chamada para buscar Claudimar, que sofria um Acidente Vascular Cerebral (AVC) desde antes de ser abordado pelos policiais.
Sintomas
Segundo o neurologista do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Marcos Lange, a confusão dos policiais pode ser a mesma de outras pessoas. “Os sintomas clínicos de AVC podem afetar uma área do cérebro que apresenta os mesmos sinais de quem está embriagado” afirma. Lange explica que o acidente vascular cerebral tem alguns sinais característicos. “Diferente do infarto, que tem um sintoma principal, o AVC têm vários tipos de manifestações”. Entre os indícios mais comuns estão: fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna; confusão ou mudança na fala; dificuldade para ouvir; alteração na visão e no equilíbrio, com tontura ou dificuldade no andar; e dor de cabeça súbita. O neurologista afirma que, quando o paciente com esses sintomas é atendido pelo Samu, é encaminhado para o HC com o protocolo de AVC e em meia hora ou 40 minutos está sendo atendido. “Hoje em dia perder tempo no atendimento de AVC é grave”, diz. “Quanto mais tempo levar para ser atendido, mais áreas do cérebro se perde, ou seja, o atraso no atendimento de qualquer paciente com acidente vascular cerebral pode afetar o prognóstico do paciente, acarretando em mais sequelas.”
O motorista saiu da delegacia carregado nos braços dos familiares, já que não falava, não respondia a qualquer pergunta, vomitava e estava com o lado esquerdo do corpo todo paralisado. Ele foi levado imediatamente ao hospital, onde o médico diagnosticou o rompimento de uma veia dentro do cérebro, no lado direito da cabeça. “O médico disse que ele teve um AVC e tinha um coágulo no cérebro. Ele teve que passar por uma cirurgia de emergência para retirar o sangue”, contou a mulher de Claudimar, Rosiane Ferreira Soares, de 24 anos. Ela explicou que o marido trabalha como porteiro no centro da capital das 15 horas até às 23 horas. Como eles moram em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o caminho normal dele para voltar para casa é passar pela Victor Ferreira do Amaral. Pai de dois filhos, Claudimar tomava remédios para pressão alta.
No BO, os investigadores da Dedetran anotaram: “o noticiado apresentava fala embolada, não conseguindo ficar em pé ou responder qualquer tipo de pergunta. Policiais do BPTran apresentaram o teste do etilometro ao noticiado nesta especializada, porém apesar de inúmeras tentativas o noticiado não assoprava o aparelho inviabilizando o teste. O mesmo também não respondeu quanto ao desejo de realizar o exame de dosagem alcoólica junto ao IML.” Por fim, o documento registra: “O noticiado não possui condições de assinar este documento. Sendo assim, o do noticiado assinou a intimação e a devolução dos objetos do mesmo.”
Rosiane não se conforma pelo descaso dos policiais que atenderam o marido e que não conseguiram notar que ele precisava de socorro ao invés de ser detido e passar mais de uma hora sob custódia com um AVC em curso até a família ser chamada. “A gente vai entrar com um processo contra o Estado. Não vou poder trabalhar para cuidar dele”, afirmou.
Cirurgia
Claudimar foi submetido a uma cirurgia no Hospital Evangélico para retirada do coágulo que se formou no cérebro dele após o AVC entre as 3 horas e as 7 horas da manhã desta sexta. Ele ficou em observação até o fim da tarde. Ele foi encaminhado para um quarto e não precisou ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ainda não havia previsão de alta.
Multa
Os policiais além de não terem socorrido Claudimar, multaram a mulher dele, proprietária do carro, em cerca de R$ 400 pelo marido ter sido flagrado “bêbado”. O homem também está intimado a comparecer na Dedetran na próxima segunda-feira (26) para apresentar a carteira de motorista, que pode ser apreendida. O carro foi recolhido, segundo Rosiane. Porém, ela não sabia dizer onde estava e nem quando iria tentar retirá-lo. “Não tive tempo de ver essas coisas”, falou.
Justificativa
Já o comando o BPTran informou, através da assessoria de imprensa, que foi chamada por populares que denunciaram a maneira perigosa que o motorista dirigia. Sobre os policiais terem confundido os sintomas de AVC com embriaguez, o órgão da PM disse que “numa atividade policial, o policial não é médico. As características e os trejeitos do motorista levavam a um sintoma de embriaguez.” Além disso, o comando do BPTran prometeu tomar todas as medidas necessárias para reparar um possível dano. Por isso, pediu que a família procure o BPTran para esclarecer o caso: “a partir de segunda-feira (23), se ficar comprovado que se trata de um AVC e não de embriaguez será feito o cancelamento dos autos de infração”, informou o BPTran através da assessoria de imprensa. (Gazeta do Povo)
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