Segunda-feira, 21 de maio de
2012.
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A jovem catarinense Patrícia (17 anos) dita uma chocante
história, 14 horas antes de morrer (Foto Arquivo da Família)
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VALE A PENA LER!
Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento
quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dane minha amiga, para escrever
esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja
tarde demais. Eu era uma jovem "sarada", criada em uma excelente
família de classe média alta de Florianópolis. Meu pai é Engenheiro Eletrônico
de uma grande estatal, e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar
tudo de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube
aproveitar. Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim
para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas
Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na
Agência Elite em São Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza física,
chamava a atenção por onde passava. Estudava no melhor colégio de
"Floripa", Coração de Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos
meus pés. Nos finais de semana freqüentava shopping, praias, cinema, curtia com
minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas saradas,
física e mentalmente.
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu
destino começou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos para a
OCTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais
apego. Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no "Bude",
famoso barzinho da Rua XV. À noite fomos ao "PROEB" e no
"Pavilhão Galego" tinha um show maneiro da Banda Cavalinho Branco.
Aquela movimentação de gente era trimaneira". Eu já tinha experimentado
algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe o Licor Amarula, mas nunca tinha
ficado bêbada. Na quinta feira, primeiro dia de OCTOBER, tomei o meu primeiro
porre de CHOPP. Que sensação legal curti a noite inteira "doidona",
beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa
mamadeira misturado com guaraná para enganar os "meganha", porque
menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os
"otários" não percebiam. Lá pelas 4h da manhã, fui levada ao Posto
Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas
injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase
"vomitei as tripas", mas o meu grito de liberdade estava dado.
No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal
estar daqueles como tensão pré- menstrual. No sábado conhecemos uma galera de
S.Paulo, que alugaram um "ap" no mesmo prédio. Nem imaginava que
naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas
lá pelas 5:30h da manhã fomos ao "ap" dos garotos para curtir o
restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado
"Cigarro de Maconha", que me ofereceram. No começo resisti, mas
chamaram a gente de "Catarina careta", mexeram com nossos brios e
acabamos experimentando. Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral,
mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente. O garoto mais
velho da turma o "Marcos", fazia carreirinho e cheirava um pó branco
que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem aquele dia.
Retornamos a "Floripa" mas percebi que alguma
coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não
demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino "DRUGS".
Aos poucos meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver
com uma galera da pesada, e sem perceber eu já era uma dependente química, a
partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano. Fiz
viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo,
experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera
descobrimos que misturando cocaína com sangue o efeito dela ficava mais forte,
e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim o sangue que cada um cedia para
diluir o pó. No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas,
porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a
"branca" a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir
somente a R$ 15,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias. Saía na
sexta-feira e retornava aos domingos com meus "novos amigos". Às
vezes a gente conseguia o "extasy", dançávamos nos "Points"
a noite inteira e depois farra.
O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais
perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver
com a minha vida. Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou
trocar por drogas. Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana
fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu
corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro. Aos poucos toda a minha
família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clínicas de
Recuperação. Meus pais sempre com muito amor gastavam fortunas para tentar
reverter o quadro. Quando eu saía da Clínica agüentava alguns dias, mas logo
estava me picando novamente. Abandonei tudo: escola, bons amigos e família.
Em dezembro de 1997 a minha sentença de morte foi
decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando,
ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o
vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem
camisinha. Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando,
família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo. Meu
pai e minha mãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los.
Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu a
joguei pelo ralo. Estou internada, com 24kg, horrível, não quero receber
visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do
fundo do coração peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca... Você com
certeza vai se arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra
mim.
OBS.: Patrícia encontrava-se internada no Hospital
Universitário de Florianópolis e descreve a enfermeira Danelise, que a jovem
veio a falecer 14 horas depois de ter ditado essa carta, de parada cardíaca
respiratória em conseqüência da AIDS.
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1 comentários:
Essa foto é verdadeira mesmo? vi umas tres fotos diferentes com a mesma História. mas a história é muito triste e chocante.
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