quinta-feira, 24 de maio de 2012

Preocupante, muito preocupante!


Quinta-feirta, 24 de maio de 2012.
O que restou do veículo onde estavam as vítimas.
Sem Justiça, não há saída para a sociedade
Hoje cedo quando estava na fila da padaria me mostraram a edição da última terça-feira da Tribuna do Paraná. Nela uma reportagem de capa lembrou a colisão que vitimou meu sobrinho Gilmar Raphael e seu amigo Carlos Murilo. Na matéria, o jornalista lembrou que embora a morte tenha sido ocasionada por um veículo a mais de 170 km/h, a Justiça está em marcha lenta em relação ao anseio da sociedade por uma resposta ao ato: o julgamento do caso. Ainda na fila da padaria populares deram risada na hora em que o assunto foi ventilado, sem saber que eu era o tio de uma das vítimas. O riso não foi pelo acidente, mas por tudo o que aconteceu depois. Ninguém acredita que o protagonista vá a julgamento e se for, ser condenado ou se for condenado, cumprir pena como qualquer cidadão abaixo de um milhão neste país. Isto é preocupante. Quando o povo deixa de confiar na sua Justiça. E quando falo Justiça não quero só dizer Poder Judiciário. O entendimento é mais amplo. É no sistema em si. No poder que cria mais do que naquele que aplica. O sistema processual oferece situações que protelam e postergam o anseio de uma resposta penal efetiva. É o caso. Exemplo escancarado ao país de como um bom advogado pode cadenciar o jogo conforme as regras estabelecidas para o mesmo. É o papel dele. É profissional e foi contratado para isso. Mas, o resultado é preocupante. Vivemos em um regime democrático. Para que este seja viabilizado de maneira a oferecer ao conjunto da população a almejada paz social (paz só se atinge com equilíbrio e justiça) é necessário que o sistema tripartite do poder cumpra a que veio: o legislativo crie leis que atendam às necessidades da convivência harmônica das pessoas; o judiciário julgue efetivamente conforme o anseio das partes e o executivo concretize esta decisão no atendimento ao que foi deliberado pelos outros poderes. Quando isto não acontece, gera o descrédito nas instituições que tem como conseqüência a destruição paulatina daquilo que se entende por equilíbrio social. Foi isso que percebi em uma fila de padaria hoje cedo e confesso que vim para casa preocupado. As pessoas que decidem neste país precisam estar atentas para não disseminar a desconfiança do povo nas instituições. Mais cedo ou mais tarde as conseqüências serão irreversíveis com o caos instalado. De que adianta a lei se ela não segue o princípio de isonomia: a igualdade de todos perante seus preceitos.
Preocupante. Muito preocupante!

* Creio que a saída é educação e conscientização. Se quem cria as leis é o poder legislativo, somos nós que escolhemos aquela gente. Se escolhemos mal é porque a grande maioria não está preparada para fazer um juízo correto da responsabilidade de seu ato. Como forjar uma sociedade consciente com um ensino tão fragilizado. Uma coisa puxa a outra. É preciso que façamos a nossa parte. As redes sociais são importante instrumento de disseminação de conteúdos. Mas não basta. Como disse é preciso chegar naqueles cidadãos, nossos irmãos que escolhem errado por não terem tido a chance da politização. É neles que precisamos chegar. O engajamento em partidos é a única forma daqueles que conhecem poderem influenciar na disseminação do conhecimento. Do contrário continuaremos a lamentar o domínio dos oportunistas que jogam o jogo do interesse próprio e do capital corrompido.

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