Quarta-feira, 08 de junho de 2011.
Cientistas das universidades de Greifswald e Bonn encontraram indícios que explicam a gravidade da nova cepa da bactéria E.coli e que provoca, aparentemente, a formação de autoanticorpos, causadores dos graves danos internos aos pacientes. Andreas Greinacher, especialista em transfusões da universidade de Greifswald, informou hoje que tudo parece indicar que os pacientes afetados pela Síndrome Hemolítica-Urêmica (SHU), além de segregar shiga-toxina, formam autoanticorpos, que atuam destrutivamente contra seu próprio organismo. Análises provisórias indicam que esses anticorpos provocam um aumento de um fator de coagulação que limita a provisão sanguínea a importantes regiões cerebrais e renais. Os autoanticorpos são gerados apenas por alguns pacientes afetados pela infecção de E.coli --nos casos de maior gravidade, alterações de consciência e epilepsias. Greinacher afirmou que quatro pacientes com quadro clínico grave foram tratados na clínica universitária de Greifswald com uma diálise que filtra esses anticorpos, e que os primeiros exames sanguíneos foram "otimistas".
O especialista, que realizou os exames com Bernd Pötzsch, da Universidade de Bonn, disse que ainda não foram determinadas as causas que levaram os pacientes a serem afetados de tal maneira, e explicou que foi comprovada uma alteração no funcionamento de uma proteína --chamado "Fator de von Willebrand"-- nos vasos sanguíneos cerebrais e renais. Em vez de se descompor em pequenos fragmentos, essa proteína acaba se acumulando e bloqueando os capilares, o que leva a quadros clínicos de maior gravidade. Greinacher e Pötzsch afirmaram também que o autoanticorpo é desenvolvido cerca de cinco dias após a doença ser contraída.
CASOS DIMINUEM
O ministro de Saúde da Alemanha, Daniel Bahr, afirmou nesta quarta-feira que o número de novos casos de infectados pela bactéria E. coli Enterohemorrágica (EHEC) está caindo consideravelmente, mas alertou que o número de mortos ainda deve aumentar. A bactéria já deixou 23 mortos na Alemanha e um na Suécia e sua origem ainda é desconhecida. "Haverá novos casos e infelizmente nós temos que esperar mais mortes, mas o número de novas infecções caiu significativamente", disse Bahr. "Não posso declarar o fim [do surto], mas analisando as últimas informações, nós temos causa razoável de esperança. O pior já passou". O governo alemão tem sido criticado em casa e ao redor da Europa por seu fracasso em descobrir a origem do surto que contaminou mais de 2.400 pessoas em 12 países. Todos os casos foram ligados à região de Hamburgo, no norte da Alemanha.
O chefe de Saúde da União Europeia, John Dalli, participou de uma reunião de crise com funcionários em Berlim e pediu ao país que busque ajuda de especialistas internacionais para lidar com a crise. Dalli pediu ainda que a Alemanha melhore os canais de informação sobre o surto e a coordenação das instituições e governos envolvidos na luta contra a bactéria. A falta de resultados esclarecedores alimentaram as críticas ao setor agrícola alemão, à oposição social-democrata-verde, à gestão do governo federal e especialmente à ministra de Agricultura, Ilse Aigner.
O chefe de Saúde da União Europeia, John Dalli, participou de uma reunião de crise com funcionários em Berlim e pediu ao país que busque ajuda de especialistas internacionais para lidar com a crise. Dalli pediu ainda que a Alemanha melhore os canais de informação sobre o surto e a coordenação das instituições e governos envolvidos na luta contra a bactéria. A falta de resultados esclarecedores alimentaram as críticas ao setor agrícola alemão, à oposição social-democrata-verde, à gestão do governo federal e especialmente à ministra de Agricultura, Ilse Aigner.
SURTO
O atual surto foi causado por uma variedade supertóxica de E. coli, que normalmente pode ser encontrada nas fezes de humanos e animais e pode se espalhar com maus hábitos de higiene desde a fazenda até o preparo do alimento. Mais de 2.200 pessoas em 12 países já apresentaram sintomas de infecções intestinais provocadas pela bactéria. Quase todos os casos registrados fora da Alemanha são de pessoas que moram ou viajaram ao país. Ao menos 23 pessoas morreram, 22 na Alemanha e uma na Suécia. A agência de notícias France Presse fala em ao menos mais dois mortos, na Alemanha. O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias e a maioria de pacientes se recupera em dez dias. Mas em uma pequena parte dos pacientes --principalmente crianças e idosos-- a infecção pode levar à Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), causada por uma toxina específica desta variedade de E.coli que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal. "Isso explica porque muitos pacientes que já superaram a fase diarreica apresentam depois graves sintomas neurológicos", disse Greinacher. (EFE/Berlim)
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