Sábado, 04 de maio de 2011.
"Palocci foi leal aos clientes", analisou Michel Temer |
O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, admitiu na noite desta sexta (03), em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que teve um grande faturamento nos últimos meses de 2010, quando já montava a equipe da presidente eleita - algo em torno de R$ 10 milhões. Não citou o nome de clientes e disse que trabalhou com o setor financeiro, bancos e fundos de investimento. Insistiu em dizer que não ocultou dados: "Todo faturamento da empresa foi registrado nos órgãos de controle tributário, tanto na Prefeitura de São Paulo quanto na Receita Federal. Todo o serviço foi feito com notas fiscais regulares e notas fiscais recolhidas. Ela foi registrada em meu nome e do meu sócio." Afirmou, no entanto, que os números da empresa ele deixaria reservados.
Lucros
Ele afirmou ainda que os lucros de sua empresa correspondem aos de outras de consultorias que atuam no mercado. Ao final de 2010, encerrou seu trabalho por ter aceito participar do governo de Dilma. O montante foi superior aos demais anos pois recebeu tudo de uma vez só, devido exatamente ao encerramento de suas atividades na empresa, explicou. A entrevista foi dada no seu gabinete, que fica no quarto andar do Palácio do Planalto. A crise envolvendo Palocci começou no dia 15 de maio quando o jornal Folha de S.Paulo revelou que o patrimônio do ministro havia aumentado cerca de 20 vezes em quatro anos. No dia 16 de novembro do ano passado, o ministro comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões em São Paulo por meio de sua empresa Projeto Consultoria Econômica e Financeira, aberta em 2006. Um ano antes, o ministro adquiriu outro imóvel, de R$ 882 mil, onde funciona o escritório da Projeto. Questionado sobre o patrimônio milionário, Palocci alegou que o dinheiro era oriundo de consultorias realizadas entre no período em que foi deputado federal, entre 2007 e 2010. A empresa teria faturado pelo menos R$ 20 milhões em 2010, sendo metade entre novembro e dezembro, após a eleição da presidente Dilma Rousseff (PT), de cuja campanha eleitoral Palocci foi o principal coordenador. No final de dezembro, ele alterou a razão e o objeto social da empresa para atuar apenas na administração dos imóveis comprados.
20 empresas
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que o ministro recebeu dinheiro de pelo menos 20 empresas, incluindo montadoras, indústrias, bancos e construtoras. Três clientes até agora admitiram publicamente terem contratado os serviços de consultoria: o Banco Santander, a construtora WTorre e a operadora de saúde Amil. Em entrevista ao Estadão, o dono da WTorre, Walter Torre Júnior, disse que contratou o ministro por ele ser "influente" no mercado financeiro. Ele contou que Palocci esteve 22 vezes entre 2007 e 2010 na sede da empresa para dar orientações e pareceres econômicos. O ministro, segundo Torre, recebeu, no total, pouco mais de R$ 50 mil, "inferior a um automóvel", segundo palavras dele. (Agência Estado)
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