Quarta-feira, 6 de julho de 2011.
Mais uma vez o pedágio em pauta, por Gilberto Cantu via Paraná Online
Há alguns dias o Governo do Paraná anunciou uma suspensão por 180 dias das 140 ações que o Governo do Estado tem contra as concessionárias de rodovias no Paraná. O Secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, disse que o Governo quer a redução do pedágio, a discussão dos investimentos que constam nos contratos e também que vai cobrar novos investimentos que hoje são necessários.
Tudo tão bom que até deixamos de prestar atenção nas entrelinhas. Esta possível negociação merece muito a nossa atenção. Isto porque o nosso secretário disse que uma prorrogação dos atuais contratos não está descartada.
Bom, nem preciso dizer que não concordo com o aumento dos prazos de validade dos contratos, mesmo que haja a redução de tarifas. O primeiro fato que saliento é que, mesmo que as tarifas baixem, elas ainda serão muito altas se compararmos com os valores cobrados em outras regiões do Brasil. Mas tudo bem. Melhor do que continuar como está.
Mas, um possível aumento dos prazos de validade dos contratos ou das obras deve ser analisado com muito cuidado, caso estas ações sejam anunciadas. No meu ponto de vista, e acredito que no ponto de vista de qualquer cidadão que reflita um pouco sobre o assunto, o ideal seria dar andamento às obras ou cobrá-las, uma vez que a maioria ainda não foi realizada, e não cometer o mesmo erro na próxima licitação de pedágio no Paraná.
Estes contratos vigoram até 2022. Se for proposto o acordo de reduzir a tarifa mas aumentar prazo das obras, podem contar aí, no mínimo, mais uns oito anos sem uma infraestrutura adequada nas nossas estradas.
Além disso, acredito que após a execução das obras obrigatórias nos últimos 11 anos de contrato, a próxima licitação irá reduzir em muito os valores dos pedágios cobrados. Por isso, é preciso estar alerta e cobrar iniciativas do Governo do Paraná e das concessionárias de pedágio que de fato irão funcionar. Não sou contra pedágio, desde que ele seja bom para todos os lados. Tarifa justa e obras em andamento podem ser realidade. Basta querer e ter quem regule esta questão. Fato que parece estar esquecido nestas negociações.
Lembro que atualmente a tarifa média paga por veículo unitário que passa nas praças de pedágio paranaenses é de R$ 14,35, preço bem acima dos demais sistemas de concessão integrados no Brasil. Já para os transportadores de carga, este valor é bem mais alto, pois os veículos pesados pagam, a cada passagem, bem mais do que automóveis, e ainda contam com estradas não duplicadas, entre outras obras esquecidas.
Por exemplo, um caminhão que realiza uma viagem de Foz do Iguaçu para Paranaguá, cerca de 720 Km, gasta, em média, R$ 442,20, em 10 praças de pedágios. Já em uma viagem de São Paulo para Florianópolis, mesma distância, o valor diminui 67%, uma vez que o gasto é de R$ 103,20, em 11 praças de pedágios.
Portanto, este possível acordo está longe do ideal. Desde a implantação, os valores das tarifas de pedágios paranaenses mais do que triplicaram. Já as obras foram deixadas para escanteio. Este custo abusivo, fora os inúmeros impostos destinados ao cidadão, pesa no bolso dos paranaenses, que precisam se unir contra uma proposta ineficaz que irá, futuramente, prejudicar ainda mais quem precisa utilizar as rodovias do Estado.
Claro que um acordo que beneficie todos é o ideal. Mas isso não irá acontecer se continuarmos a cometer os mesmos erros de sempre. Vamos ficar alertas e cobrar o que é de direito!
* Gilberto Antonio Cantu é Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).
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