segunda-feira, 4 de julho de 2011

A lição que podemos aprender com a visão da morte


Segunda-feira, 4 de julho de 2011.
Ex-presidente Itamar Franco quando do velório em Juiz de Fora, MG, neste domingo
Ao ver a foto do ex-presidente Itamar Franco sendo velado na Câmara de Juiz de Fora, MG, e no entorno do caixão os ex-presidentes Lula, Sarney e Collor, o vice atual, Michel Temer e outras personalidades do mundo político brasileiro, não poderia abrir as postagens desta segunda-feira, 4 de julho, sem passar aos meus leitores minha impressão de tal cena. Todos aqueles conhecidos personagens da política brasileira olhando o corpo de Itamar Franco, no caixão. Com certeza, a grande maioria apenas cumprindo visita protocolar. Não ficaram mais do que meia hora no local. Aécio Neves, o candidato favorito do PSDB para tentar a sucessão de Dilma, então, se superou: aproveitou o ensejo para tirar uma “casquinha” visando unir forças para o futuro “embate”. Minha curiosidade é saber se cada um deles tirou a necessária lição da imagem do ex-presidente ali, morto, no caixão.  Será inexoravelmente o fim de todos eles, de todos nós, é claro. Mas, é incrível que essa gente não consegue entender a sua temporariedade nesse mundo. Vivem como se fossem eternos. Muitos deles, acima de 70 anos, tendo na melhor das hipóteses mais 10 a 15 anos de vida, e vivem hoje como se jamais fossem enfrentar a morte. Continuam articulando, angariando, acumulando, estabelecendo estratégias para permanecer no poder e satisfazer à sua vaidade infinita. É muito raro, entre essa gente, encontrar um que tenha aprendido a lição que a visão da morte de alguém nos oferece. Parece que ela só acontece com os outros, e não com eles. Entendo que nascemos para morrer na carne. Uns vivem alguns minutos. Outros poucos meses ou anos. Outros mais, conseguem chegar ao enfado da velhice. O que conta entre o nascimento e a morte é exatamente a justificativa que damos ao tempo de nossa existência. Nosso principal desafio é desenvolver nossas habilidades naturais, nosso dom, e em assim fazendo, oferecê-las à sociedade como um todo, que também de alguma maneira nos serve. Não confeccionamos as roupas, o relógio, o celular, o óculos, os sapatos, que vestimos nem produzimos os veículos, os alimentos, a energia que utilizamos em nosso dia a dia. Alguém fez e faz. Pessoas que nem conhecemos trabalham para de alguma forma atender às necessidades coletivas, das quais estamos inseridos. Daí a importância da contrapartida que devemos dar através do desenvolvimento de nosso natural talento, para servir também aos milhares de anônimos que nos servem no dia a dia. O dom da vida precisa ser consagrado. Temos que valorizar cada minuto de nossa existência e com responsabilidade agirmos de tal forma a preservar a saúde que dará qualidade a esta vida. E seguir em frente até quando cessar nossa existência, momento que a ninguém foi dado o conhecimento. E justificar nossa existência pelo “ser” e não pelo “ter”. O segundo deve ser sempre a conseqüência do primeiro e não ao contrário como a grande maioria das pessoas equivocadamente pensa. Tudo o que o ex-presidente Itamar Franco acumulou de bens materiais nessa vida não o acompanha neste momento. O que ficou? Sua história de vida. Seu testemunho, suas palavras. Suas obras, boas ou más, são e serão lembradas. Para onde ele está ou vai, não acompanha o fato de ter sido ex-presidente ou ser até o momento de sua morte, senador da República. Que possamos aprender com a morte das pessoas a certeza de nossa temporariedade neste mundo e, enquanto vivos, saibamos justificar esse tempo servindo em primeiro lugar às pessoas e não egoísticamente a nós mesmos. Esse simples entendimento será um grande passo dado para justificarmos nossa existência e deixar uma bela trajetória de vida para ser lembrada pelos que aqui, também temporariamente, permanecerem.

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