Quinta-feira, 21 de julho de 2011.
Enquanto o emblemático caso que envolve o ex-deputado Carli Filho não for solucionado, muitos outros semelhantes acontecerão por este Brasil afora. O caso teve repercussão nacional e com a mesma amplitude, negativamente a sensação de impunidade por não ter tido, até agora, um julgamento. O acidente que envolveu na semana passada o estudante universitário Leonardo Brandalise Kucinski, 19 anos, e que culminou na morte do taxista e de seu passageiro no dia 9, ganha mais uma semelhança ao caso do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que também participou de uma colisão onde dois jovens morreram, em 7 de maio de 2009. Nos dois acidentes, os jovens de classe alta, de acordo com testemunhas, estavam embriagados e dirigindo em alta velocidade.
Nesta quinta-feira (21), investigadores da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) confirmaram que receberam um vídeo onde Leonardo aparece consumindo bebidas alcoólicas em uma festa horas antes de se envolver no acidente que matou o taxista Edson Salvador de Lara, 49, e o passageiro Ricardo Pussoli Filho, 62, no Juvevê. Um vídeo muito semelhante ao que Carli Filho aparece tomando vinho horas antes do acidente de 2009 é utilizado pela equipe de acusação. Os dois policiais do Batalhão de Polícia de Trânsito que atenderam a ocorrência no Juvevê declararam na delegacia que Leonardo estava claramente embriagado. Entretanto, o estudante universitário se recusou a fazer o teste de alcoolemia e negou que tivesse ingerido bebidas alcoólicas. Leonardo passou um dia preso, acusado do duplo homicídio, sem direito à fiança. Na manhã seguinte, foi concedido a ele o benefício da liberdade provisória. O rapaz responderá ao processo em liberdade.
Familiares de Ricardo procuraram o advogado Elias Mattar Assad para ajudar na acusação de Leonardo. Ele e a advogada Débora Veneral estudam o inquérito e devem confirmar até segunda-feira se assumirão a causa. Assad também atua na acusação do ex-deputado Carli Filho. Uma testemunha informou que Leonardo atravessou o sinal vermelho e atingiu um semáforo antes de bater no táxi, que provavelmente estava estacionado. O jovem, em depoimento, declarou que o táxi avançou o sinal e ele não conseguiu desviar a tempo. De acordo com a equipe da Dedetran, o delegado Armando Braga, titular da especializada, retornou de uma viagem de férias nesta semana e deve conceder uma entrevista coletiva para falar do inquérito de Leonardo na próxima segunda-feira.
Processo
Outro caso de jovens de classe alta envolvidos em graves acidentes de trânsito é o de Eduardo Abib Miguel, filho do ex-diretor geral da Assembléia Legislativa Abib Miguel, o "Bibinho". Ele foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por homicídio doloso, em novembro de 2010, e participou da última audiência de instrução do processo na sexta-feira passada. De acordo com o advogado de defesa de Eduardo, Eurolino Sechinel dos Reis, o jovem informou no interrogatório que conduzia uma Mitsubishi Pajero a 60 km/h em 7 de dezembro de 2009. O laudo oficial da perícia, entretanto, apurou que o veículo estava a mais de 117 km/h no momento da colisão. Segundo o advogado, quem furou o sinal foi o veículo onde estavam as quatro vítimas que morreram, e não Eduardo, como declararam algumas testemunhas. O promotor do Ministério Público Estadual responsável pela acusação, Marcelo Beck, aguarda uma carta precatória com o depoimento de um sobrevivente, que mora no Rio de Janeiro, para que ele e as outras partes façam suas alegações finais. Depois disso, um juiz deverá decidir se Eduardo irá a júri popular ou se poderá ser absolvido. (www.oestadodoparana.com.br)
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