quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Meu avô: Um imigrante português que transformou Lages, SC, em um centro cultural

Quarta-feira, 22 de outubro de 2014. 
Lages - SC - Brasil
Quando o município catarinense de Lages passou de vila para cidade, começou a ser escrita com a letra G e sucessivamente viveu os ciclos econômicos da pecuária e da madeira no início de 1900, os imigrantes europeus chegavam. De origem portuguesa, italiana e alemã, os visitantes misturaram seus costumes e contribuíram para o crescimento e desenvolvimento da cidade.  
A chegada do português
Mario Augusto de Sousa - meu avô
O português Mário Augusto de Sousa foi um dos que fixaram residência em Lages acompanhado da esposa Gelsa Cândida de Andrade e o primeiro filho, em 1924, e nunca mais saiu. Mais de um século se passou e entre modernos prédios, os rastros de sua história ainda são encontrados. É o caso do Teatro Marajoara, que continua imponente em seu exterior e admirável internamente. O nome de Mário de Sousa também está gravado na história de uma importante entidade social de Lages: a Associação Lageana de Assistência aos Menores (Alam).
Legado cultural
Com um legado cultural deixado ao longo de sua vida, Mário de Sousa teve sua história contada no Correio Lageano em 22 de novembro de 1999, matéria sobre os imigrantes em comemoração ao aniversário de Lages. Antes de fazer história, ele contribuiu para contá-la. A convite do coronel Caetano Vieira da Costa, trabalhou como  diretor e editor do antigo Correio de Lages, jornal este que anos depois venderia seu maquinário para o então fundado, em 1939, Correio Lageano. 
Vida dedicada ao teatro
A trajetória marcante de Mário de Sousa começou em 1927 quando arrendou o Teatro Municipal, antigo teatro São João, localizado na Praça João Costa. Naquela época não se conhecia o cinema falado, e os filmes eram acompanhados por uma orquestra sob a batuta do próprio Mário. Em 1938, a edificação deu lugar ao prédio do antigo Colégio Estadual Aristiliano Ramos. Com a demolição do Teatro Municipal, o cinema transferiu suas máquinas e móveis para a Casa Santo Antônio, cedida pelos padres franciscanos, antiga Cúria, onde funciona hoje a Escola de Artes da Fundação Cultural. Em 1939 foi inaugurado o Cine Teatro Carlos Gomes, idealizado e projetado por Mário de Sousa e recebeu o nome em homenagem ao grande poeta brasileiro, compositor e músico Carlos Gomes.  No teatro, os lageanos assistiram, entre outros êxitos memoráveis, a concertos de piano, de violino e de canto. Localizado na Rua Presidente Nereu Ramos, o prédio que abrigou o teatro. Hoje dá lugar a uma loja de móveis e eletrodomésticos (Schumann).
O surgimento do Marajoara 
Teatro Marajoara - Foto atual (via Correio Lageano)
A cidade crescia, seu desenvolvimento aumentava com segurança e suas comunicações traziam o progresso. Mário de Sousa sentiu a necessidade de um novo teatro e cinema. Surgia enfim, o Cine Teatro Marajoara, inaugurado em novembro de 1947. Comportava apresentações teatrais e cinematográficos. A nova casa em estilo art decó, um famoso traçado arquitetônico dos cineteatros do Rio de Janeiro e São Paulo, foi admirada e aplaudida por todo o território nacional. De lá para cá, grandes apresentações ainda garantem casa cheia.
Assistência ao menor
Mário de  Sousa, preocupado com o lado social, em especial de menores abandonados, fundou em outubro de 1956 a Alam. Reuniram-se vários cidadãos lageanos em uma assembleia para fundar a primeira instituição da região de assistência a crianças órfãs, em regime de abrigo. Já em 1997, para atender ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a entidade extinguiu o abrigo e passou a atender em categoria de educação complementar para crianças de 7 a 12 anos. Em 2007, passou a abranger a faixa etária de 6 a 18 anos incompletos. A Associação Lageana de Assistência aos Menores é uma Organização Não Governamental. Suas atividades não são empresariais, mas estão voltadas para a comunidade com prestação de serviços gratuitos.
O Legado
Mário Augusto de Sousa faleceu em setembro de 1977. Deixou um grande legado cultural à cidade. A filha Maria de Fátima Andrade de Sousa diz que seu caráter, educação e obstinação para o que é certo foi a herança que deixou para seus 15 filhos, os quais transmitiram para sua descendência que hoje soma mais de 180 membros. Eu sou um deles. Para homenagear e deixar viva a história de Mário Sousa, foi inaugurada uma sala para apresentações culturais na Fundação Cultural de Lages e batizada com o seu nome.
Via Correio Lageano/Lages/SC


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