quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ótica japonesa sobre a morte

Quinta-feira, 21de junho de 2012.
Percebam nesse artigo que a certeza da imortalidade da alma, o compromisso com a continuidade da vida, a confiança num plano divino e a visão do corpo como instrumento e veículo do sagrado fazem a diferença, pelo menos para a cultura japonesa.

Familia japonesa (Foto Fabio Heizenreder/Revista Claudia)
 Há no Japão um grupo de 200 aposentados, em sua maioria engenheiros, que se oferece para substituir trabalhadores mais jovens num perigoso trabalho: a manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo grande terremoto há meses atrás. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena. Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada, que tem 72 anos e negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica tão simples quanto assombrosa:  "Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver câncer", afirma Yamada. É arrepiante. Na contramão do individualismo atual - e lidando de uma maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte, sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: serem úteis em seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar à idade deles com saúde e disposição semelhantes.

O que mais impressiona em toda a história é a matemática da vida. A morte não é para eles um problema a ser solucionado ou talvez corrigido, pela hipótese mística da vida eterna que medicina e biologia tentam encampar e da qual as revistas de boa saúde tentam nos convencer.

A morte é, de fato, a constante da equação.


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