quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Reféns da violência

Quinta-feira, 27 de novembro de 2014.
A realidade cruel que emana da periferia
Relato de uma pessoa que conhece o problema na sua cruel realidade. Recomendo a leitura e a reflexão deste texto. Repito: Ele foi escrito por um profissional que vive no dia a dia a realidade da violência social. É necessário que se eleve à sério as políticas públicas que visam o resgate social da pobreza endêmica que leva ao caos à toda a sociedade, pois embora tenha origem na periferia ela migra para as demais áreas urbanas. JoYa
Celso Rocha - Policial Militar
"Sou negro, de origem humilde. Fui criado e moro na periferia por escolha própria. Numa sociedade mais descriminatória do que hoje escolhi o caminho do bem. Por quê muitos não conseguem isto hoje?
Vamos aos fatos: Milhares de pessoas moradoras das periferias (bairros afastados dos centros das cidades e suas Regiões Metropolitanas) são mortos ou assassinatos devido estarem envolvidos na sua maioria com algum tipo de crime e também devido ao tráfico e vícios de drogas! A maioria realmente são jovens negros. Um verdadeiro extermínio que motivou o então surgimento do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra. Entre o tráfico de drogas multiplicado pelas esquinas e seus mercenários assassinos matadores de viciados devedores e a Polícia Militar, saber quem é quem, hoje, na periferia de Curitiba por exemplo, é uma missão impossível. Infelizmente todos são suspeitos e são vítimas, todos podem abater e tombar nessa guerra aberta. Para se ter uma ideia muitos destes jovens negros (a maioria em situação de bandidagem e praticamente condenados a morrerem em troca de tiros com Polícia ou enfrentando desafetos no crime), culturalmente gostam de ouvir músicas que cantam protestos detalhando a vida de um trabalhadores simples e pobres, contando também contra esta mesma pobreza e a discriminação social verificadas nas regiões em que moram. Letras de Rap tipo: "Ninguém é mais que ninguém / Os ratos do esgoto (policiais) em cima na febre enquadrando você / Na mesma hora sabendo que pode morrer / Enquadra o cidadão, cadê o documento / Ta na mão... / Fala mais baixo que eu não sou seu irmão / Discriminação, preto ou pobre enquadrado estirado no chão / Pode crê cachorrão (desafetos no crime) , eu não vacilo não / No mundo em que vivemos, pode ser, é assim que tem que ser." A boa intenção contida no vídeo é uma "gota de solução neste mar de problemas." Mas o ódio contra o sistema, que inclui os poderes legislativo (que faz leis penais que nascem mortas), executivo (devido a falta de políticas sociais melhores e sistemas penitenciários assassinos), judiciário (elitista, caro e lento), a Polícia (treinada, devido as falhas dos poderes constituídos, para exterminar bandidos) e demais autoridades, aumenta a cada dia e está se espalhando. A continuar com a mesma falta de soluções, essa raiva ampliada pela ausência de diálogo com as autoridades, e efetivo combate ao crime incluindo a morte de criminosos (na sua maioria jovens negros) pela Polícia, só irá aumentar. A mudança deve começar pela melhoria da educação e da melhora cultural da população mais humilde!
Celso Rocha"

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