sábado, 5 de novembro de 2011

Trânsito assassino: Uma pessoa morre no trânsito a cada 2 horas e meia no Paraná


Sábado, 05 de novembro de 2011.

Com 3.433 mortes, Paraná registrou em 2010 a maior mortalidade em acidentes
automobilísticos desde 1996, segundo o Ministério da Saúde. Acidente da foto
ocorreu em dezembro de 2010 em Marialva, perto de Maringá, norte central do
Estado. 3 pessoas morreram e várias ficaram feridas, inclusive um bebê de 1 ano

Em média, nove pessoas morreram por dia no Paraná, no ano passado, em decorrência de acidentes de trânsito – o equivalente a um óbito a cada duas horas e meia. Ao todo foram 3.433 mortes, uma alta de 9,5% em relação a 2009, segundo números do Sistema de Infor­mações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Foi a maior mortalidade no trânsito do estado desde o início da série histórica, em 1996, quando 3.188 pessoas perderam a vida em colisões ou atropelamentos. Nos últimos dez anos houve um crescimento de 37% no número de óbitos.

Proporcionalmente à população, a taxa paranaense também é alarmante: são 32,9 mortes para cada 100 mil habitantes. É o quinto pior índice do país, atrás apenas de Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Piauí, respectivamente. Em 2001, a taxa era de 26,1. As cidades que mais registraram mortes foram Curitiba, com 400; Londrina, com 191; e Maringá, 162.
Segundo o SIM, o Paraná acompanhou o crescimento das ocorrências no país na década. Se em 2001 o Brasil registrou 30.524 mortes, no ano passado este índice saltou para 40.610 – uma alta de 33%. A taxa passou de 18 para 21,3 óbitos a cada 100 mil pessoas.
Acidente de carro é algo evitável, aponta especialista
A redução das mortes é possível porque acidentes de trânsito são evitáveis, avalia a professora Alessandra Sant’Anna Bianchi, especialista em trânsito da UFPR. “Não é algo inevitável. É um erro provocado por alguém”, aponta. Ela diz que as pessoas não dão conta dos riscos no trânsito e, por isso, dirigem com imprudência. “A população deve se conscientizar disso. Mas, sozinha, a pessoa não vai conseguir mudar essa percepção. É responsabilidade do poder público adotar medidas que visem a conscientização dos condutores”, ressalta.
Lei Seca
As pessoas não são obrigadas a fazer o teste do bafômetro. Isto é um absurdo!
Em setembro, o Supremo Tribunal Federal decidiu que dirigir sob efeito de álcool é crime, mesmo quando o motorista não causa acidentes ou danos ao patrimônio. O que poderia ser uma medida para reafirmar a Lei Seca, porém, pode não surtir efeito tão rapidamente. “Não há fiscalização e nem punição. As pessoas não são obrigadas nem a fazer o exame do bafômetro. E se são pegas, contratam um advogado e permanecem, em grande parte dos casos, impunes”, afirma o professor da Universidade de Brasília, Hartmut Günther.
O presidente da regional do Paraná da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Jacks Szymanski, concorda. Para ele, a legislação na prática é ineficiente. “No começo da Lei Seca, em 2008, todo mundo tinha medo de sair dirigindo sob efeito do álcool. Havia casas noturnas que disponibilizavam serviços de vans e de táxis. Mas hoje a lei está frouxa. A fiscalização não é mais tão efetiva quanto antes”, afirma.
Agentes de trânsito
A fiscalização é pontual, não abrangente. Isso precisa mudar!
Szymanski enfatiza ainda o fato de que o número de fiscais de trânsito não acompanhou a evolução do número de veículos. “Aumentou a frota, mas a estrutura para monitorar estradas e ruas não foi melhorada”, afirma. De acordo com ele, há ainda inúmeros fatores que provocam óbitos no trânsito, como a falta de sinalização adequada e a má conservação de rodovias.
“Existem estradas, por exemplo, que deveriam ser duplicadas. Isso diminuiria o número de acidentes. Além disso, as estradas não podem viver tomadas por buracos. A sinalização também deveria ser melhorada. Tudo isso – se o poder público tivesse vontade e olhasse para a população – iria reduzir o número de vidas perdidas provocadas por acidentes de trânsito”, opina Szymanski.
Para especialistas em trânsito, o número de mortes é assustador e é resultado de falhas na fiscalização de normas como a Lei Seca e da escassez de investimentos no setor, como manutenção de rodovias e ruas. “Faltam políticas públicas para tratar desse tema, que traz reflexos em outros setores, como saúde e economia”, afirma a coordenadora do grupo de pesquisa de trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alessandra Sant’Anna Bianchi.
(Gazeta do Povo Online)

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More