sexta-feira, 27 de abril de 2012

Paz, só com justiça social


Sexta-feira, 27 de abril de 2012.
Como se esperar paz social se viramos às costas a esta realidade
Manifesto-me como um cidadão de 58 anos e com a experiência de vida que me possibilita dar uma opinião não como especialista, mas baseada no bom senso que a questão merece. “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Essa máxima pode ser adaptada: “Dize-me com quem e como estás e poderei prever em quem se transformarás”. O sistema penitenciário brasileiro não é tão diferente da maioria dos países. É um desafio permanente administrar a superlotação das cadeias, bem como da grande maioria das penitenciárias. A recuperação de um apenado fica mais difícil quando há uma mistura de presos com diferentes níveis de periculosidade. E quando nem condenado a pessoa foi, então sem se fale. Isso ocorre nas cadeias. Visitei uma vez só uma cadeia. Fiquei chocado com as condições das pessoas que lá se encontravam. A maioria aguardando julgamento. Outras já julgadas, esperando a condução para uma casa prisional. A diferença é exatamente a perspectiva. Essa noção só tem quem perde a liberdade. Enquanto o que aguarda julgamento ainda conserva a esperança de vir a ser libertado, o outro, sabedor de sua condenação e do que o aguarda pela frente não tem nada mais a perder. Essa diferença pode ser fatal e perversa para quem convive dentro das prisões e até nas penitenciárias. É um problema de difícil solução. Confesso que ao fazer uma análise do problema, sinto-me com a maioria: incapaz de apresentar uma solução. É trabalho de especialistas e de gente comprometida em resolver esse tipo de situação, realidade em todo o país. Quem lida com a questão da segurança pública sabe que o problema é crônico, pois entra mais gente do que sai do sistema. É preciso primeiro equilibrar essa balança, para depois diminuí-la. E a única luz no final deste túnel é a "justiça social". O equilíbrio da vida em sociedade. Enquanto poucos possuírem muito e muitos, tão pouco o gatilho da violência permanecerá acionado, superlotando cadeias e inviabilizando a recuperação dos detentos, já nas penitenciárias. A sociedade como um todo precisa sim se penitenciar (origem do termo no direito canônico), pois jamais encontrará paz se não houver justiça social. Não adianta ter mais policia e armamentos de combate. O remédio será insuficiente para a cura. As ações devem ser em primeiro lugar pró-ativas. As reativas são necessárias apenas para viabilizar a vida em sociedade, mas jamais para solucionar o problema. A mistura de presos condenados com os que aguardam julgamento, por exemplo, mostra o descaso com a questão relatada. O despreparo do sistema e sua falta de estrutura endêmica me fazem crer que um longo caminho precisa ser percorrido para atingirmos o ideal de uma sociedade acima de tudo justa e equilibrada. A questão é séria e precisa, sim, como agora ser lembrada e discutida. É o primeiro de muitos passos a serem dados para chegarmos a ter esperança de se atingir o objetivo maior que é a paz social.

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