terça-feira, 3 de maio de 2016

Conjunto da obra?

Terça-feira, 03 de maio de 2016.
Procurador leva à Comissão Especial do Impeachment do Senado dados de
anos anteriores a 2015, que não estão no relatório aprovado pela Câmara,
e causa polêmica
O Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do TCU, um dos três convidados da oposição para sustentar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Comissão Especial do Impeachment,  admitiu que governo não cometeu crime fiscal no ano em questão, 2015. Lembro que o relatório aprovado pela Câmara pede a admissibilidade do processo de impedimento contra a presidente referindo-se ao ano de 2015. Na verdade, o golpe se desenha quando se pretende cassar uma presidente por crime de responsabilidade fiscal justamente num ano em que houve o maior contingenciamento da história. Mas, o pior veio a seguir, após um breve tumulto na Comissão. O presidente do Instituto Internacional de Estudos de Direito do Estado, Fábio Medina Osório (alinhado aos favoráveis ao impeachment), disse que os senadores são soberanos no processo de impeachment e podem levar em consideração "o conjunto da obra" e a má gestão pública quando justificarem seus votos. Ele defendeu a tese de que o impeachment tem natureza não só jurídica, mas política também.  A declaração me parece uma tremenda irresponsabilidade jurídica, pois defende algo típico de uma moção de censura do modelo parlamentarista e o nosso regime é presidencialista. No modelo brasileiro, presidencialista (para quem não sabe ainda), é necessária a comprovação de um crime de responsabilidade  para afastar um presidente da República. Caso a lógica do jurista prevalecer, qualquer governo que esteja vivendo um momento de impopularidade ou que tenha perdido a maioria parlamentar corre o risco de ser afastado, porque tudo se reduz a uma questão “de foro íntimo”. Isto é um absurdo! Quando o motivo perde sustentabilidade, aqueles que defendem o impedimento da presidente se saem com absurdos como este:
- É tudo pelo conjunto da obra.

É mole ou querem mais. Rasgam a Constituição e ainda brincam com a nossa cara. Quem, como eu, estudou por dois anos Direito Constitucional sabe que o que ocorre no Brasil hoje é muito mais do que um golpe contra a Democracia e contra uma presidente. É a tentativa de tomada do poder de forma absolutamente ilegítima onde o rasgar da Constituição se constitue no crime lesa pátria mais grave que tenho conhecimento na recente história da retomada democratica brasileira. JoYa

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