segunda-feira, 2 de maio de 2016

O peso da ilegitimidade

Segunda-feira, 02 de maio de 2016.
“A subjetividade da interpretação jurídica bate de frente com a clareza
das normas. O que parece legal para alguns é totalmente injusto diante
do direito. E mesmo que se levante jurisprudência neste caso, a história
mostrará o ato injusto contra a legalidade” JoYa 
Tudo o que vi, li e ouvi até agora me convence, cada vez mais, que o que acontece hoje no Brasil não passa de um sórdido golpe contra a Constituição. O impeachment é um julgamento político, mas o processo que visa o impedimento da presidente Dilma é viciado desde o início e só ganhou corpo devido a não concordância da presidente em preservar Cunha das graves acusações que vinha recebendo. Minha preocupação é que as manobras de corruptos no Congresso, o desejo da população de combater a corrupção, mas estar focada apenas no PT, a não concordância com a derrota nas urnas de parte dos partidos que apoiavam Aécio, o desejo da classe empresarial pelas flexibilizações das leis trabalhistas e a omissão do Supremo diante do looby poderoso da direita faça com que uma presidente legitimamente eleita tenha o tempo de seu mandato interrompido por uma questão absolutamente sem fundamento legal para o seu impedimento. Tudo se encaminha para satisfazer o desejo daqueles que não "suportam" o poder nas mãos da esquerda. A situação social brasileira tende a piorar com reações imprevisíveis, pois o governo que assumirá virá com o peso da ilegitimidade e isto fará com que não se respeite a ordem instituída. Não é possível que só eu esteja vendo isto. Digo não aos fins que justificam os meios. Temos lei e se esta for desrespeitada, da maneira como vem sendo, não haverá força suficiente para brecar a mobilização daqueles que se sentirem lesados. O peso da ilegitimidade será cruel com a estabilidade político social brasileira. Sou pela legalidade. Não vejo o motivo alegado para o impeachment, ora em curso, como transgressão legal que chegue a um crime de responsabilidade suficiente para interromper um mandato presidencial. Trata-se de uma manobra política para tirar o poder das mãos da esquerda. A subjetividade da interpretação jurídica bate de frente com a clareza das normas. O que parece legal para alguns é totalmente injusto diante do direito. E mesmo que se levante jurisprudência neste caso, a história mostrará o ato injusto contra a legalidade. O jurista uruguaio Eduardo Juan Couture Etcheverry nos deixou esta pérola: “Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”. É isto que estou fazendo. JoYa

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