segunda-feira, 22 de julho de 2013

Curitibano dorme focado na neve

Segunda-feira, 22 de julho de 2013.

Praça Santos Andrade, manhã do dia 17 de julho de 1975
 A grande maioria do povo curitibano não tem outro assunto hoje. Repartindo atenções com a chegada do Papa e o do nascimento do bisneto da Rainha da Inglaterra, a expectativa pela ocorrência de neve domina as rodas de conversa. Tem muita gente se precavendo e até solicitando a profissionais que passam a noite trabalhando para que não se façam de rogados e acionem seu celular em caso de o fenômeno ocorrer. Só que para nevar em Curitiba três fatores precisam ocorrer. Até agora um deles somente se manifesta: a umidade do ar. Os outros dois ainda precisam se estabelecer: o posicionamento das massas de ar e a queda brusca da temperatura para a mínima de zero grau. Fechando esses três fatores, aí sim poderemos testemunhar o raro fenômeno em nossa região. Lembro bem quando, em 1975, a agencia estadual de meteorologia foi pega de surpresa com a nevasca que atingiu Curitiba. O professor Oswaldo Iwamoto, hoje com 61 anos e aposentado, era quem dava as informações do tempo para nós da Rádio Clube Paranaense e demais colegas jornalistas. Ele, confessa, juntamente com seu colega César Duquia (ainda em atividade), foram surpreendidos com a neve, pois não tinham como o Simepar tem hoje os equipamentos que poderiam "detectar" as três condições acima relatadas. A temperatura desceu, no dia 17 de julho de 1975 a -0,5 graus. Havia intensa umidade do ar e o posicionamento dos ventos possibilitaram a rara ocorrência. Mas, a neve não durou muito. Um pouco mais de uma hora, tempo suficiente para deixar toda a região de Curitiba com paisagem européia. Lembro bem que a alegria do dia 17 se transformou em pesadelo no dia seguinte. As temperaturas continuaram a cair e ao atingir seis graus negativos em praticamente todo o Estado, arrasou os cafezais do norte paranaense originando a conhecida "geada negra". Essa ocorrência causou um estrago tão grande em nossa economia que até hoje não conseguimos mais recuperar o título de maior produtor de café do mundo. Nem do Brasil somos mais. As culturas de milho, trigo e soja foram paulatinamente tomando conta das grandes regiões produtoras de café do Paraná. Na época o desemprego na agricultura foi tanto que ocasionou um verdadeiro problema social nos pequenos e médios municípios do interior, com o fenômeno do êxodo rural, que acabou por engrossar os bolsões de pobreza das grandes cidades. Faço esse registro em minha página do Face, pois muitos dos que vivem a expectativa da nova ocorrência de neve em nossa região não imaginam o estrago que a baixa temperatura pode ocasionar em nossa principal atividade econômica, afinal ainda somos considerados o estado celeiro do Brasil. Torço principalmente para que as geadas, caso ocorram, jamais cheguem do jeito que chegaram no dia 18 de julho de 1975 nos fantásticos estados agrícolas do sul do Brasil, notadamente o nosso rico Paraná. JYF

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