domingo, 18 de março de 2012

Filho de um dos homens mais ricos do mundo, o brasileiro Eike Batista atropela e mata ciclista

Domingo, 18 de março de 2012.
Culpado ou não, isto é assunto para os investigadores policiais e não nos cabe julgar. O que importa neste caso e é para isto que chamo a atenção será o comportamento dos envolvidos quando há por trás dinheiro, muito dinheiro. Ponham dinheiro nisso. De imediato caiu de pára-quedas um advogado. A razão? Para acertar in loco todos os detalhes que mais tarde aliviarão a provável culpa do seu cliente. Ao ler a matéria, percebe-se que o rapaz é tão inocente que já está absolvido. Não precisaria nem depor. O que me chamou atenção nas primeiras informações prestadas na reportagem é a versão das partes envolvidas. A do filho do empresário, já aconselhado pelo advogado, expõe que o ciclista “atravessava inadvertidamente a pista quando foi atropelado”. Já na versão dos parentes da vítima, a mesma “percorria o trajeto diariamente pelo acostamento e foi onde aconteceu o atropelamento”. Como quem acusa precisa provar, a perícia feita no local será de fundamental importância para corroborar com a segunda versão. Resta saber e o Brasil precisa acompanhar este caso com atenção, pois ele é emblemático, se esta perícia será feita como manda o figurino, ou o local das provas de repente se apresentará comprometido por não ter sido isolado convenientemente? Tenho certeza que se perguntasse a cem pessoas, a grande maioria responderia que o caso não vai dar em nada pelo fantástico poder aquisitivo do motorista atropelador. Qual a razão dessas opiniões? Porque ainda no Brasil há a cultura de que existem dois tipos de Justiça: a feita para os ricos e a para os pobres. E isto não é verdade! Não pode e não deve prevalecer, pois jamais seremos uma sociedade desenvolvida se continuarmos a alimentar e a aceitar esta premissa. A lei é para todos e a sociedade já criou mecanismos para que ela seja respeitada mesmo quando o envolvido, como se dá neste caso, é rico. Com a palavra o Ministério Público, paladino dos que esperam e acreditam na consagração da legítima justiça, aquela que vale para todos, ricos ou pobres.
A notícia
Thor, ao lado do pai, Eike Batista, um dos homens mais ricos do mundo
 (Foto Revista Contigo)
O carro do empresário Thor Batista, filho mais velho de Eike Batista e da ex-modelo Luma de Oliveira, atropelou e matou o ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira dos Santos, que estava em uma bicicleta na pista sentido Rio da Rodovia Washington Luís, altura de Xerém, em Duque de Caxias. De acordo com a polícia, Thor estava na direção de um superesportivo Mercedes SLR MacLaren prata acompanhado de um amigo no momento do acidente, por volta das 19h de sábado (17). Thor e o amigo passaram pelo teste do bafômetro, que não atestou consumo de álcool em nenhum dos dois. O caso foi registrado como homicídio culposo (sem intenção de matar) pela Polícia Civil na 61ª DP (Xerém).
De acordo com inspetores que fizeram o registro de ocorrência, Thor foi representado na delegacia por um advogado. Os policiais contaram também que, no momento em que agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegaram ao local do atropelamento, no km 101 da rodovia, Thor havia abandonado o carro. Mas o jovem de 20 anos teria retornado em seguida para fazer o teste do bafômetro. Na delegacia de Xerém foram conferidas também as habilitações de Thor e do amigo, que estavam em dia assim como a documentação do Mercedes.
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, examinaram o local. Na versão do inspetor que fez o registro do atropelamento, Thor passou mal quando viu o corpo de Wanderson, 30 anos, desfigurado pelo choque contra o carro esportivo. O MacLaren chegou a ser recolhido para um pátio da PRF, mas foi levado pelo advogado do jovem, sob condição de deixar o veículo sem modificações à disposição da polícia.
Por intermédio da assessoria da EBX, grupo do empresário Eike Batista, foi divulgada nota em que Thor diz que "lamenta profundamente o ocorrido e informa que prestou socorro à vitima, que atravessava, inadvertidamente, a rodovia 040 (sentido Juiz de Fora-Rio) de bicicleta". O empresário afirma ainda que chamou a ambulância da Concer para prestar atendimento ao ciclita.
Thor diz que estava na velocidade permitida e ressalta que fez o teste do bafômetro e firmou declaração de próprio punho descrevendo o acidente, no posto da PRF. A nota informa também que Thor prestará toda a assitência à família de Wanderson e que comparecerá durante esta semana para prestar depoimento na 61ª DP.
Ainda segundo inspetores da 61ª DP, o local do atropelamento, poucos metros depois de um retorno que leva ao interior do distrito de Caxias, é cenário recorrente de acidentes de trânsito. O corpo de Wanderson só foi levado para o Instituto Médico Legal do município no início da madrugada deste domingo (18). Thor deverá ser chamado para prestar depoimento à Polícia Civil esta semana.
A família de Wanderson aguarda a liberação do corpo no IML de Duque de Caxias. Entre os parentes da vítima, o clima é de consternação. A tia e mãe de criação, Maria Vicentina Pereira, de 48 anos, afirmou que aquele era o caminho que o rapaz fazia diariamente para casa, e que Wanderson estaria no acostamento quando foi atropelado. Maria Vicentina disse ainda que, na delegacia, representantes de Thor, afirmaram que arcariam com o enterro da vítima, e que os parentes de Wanderson entrariam em contato com o empresário. Ela lamentou o estado em que ficou o corpo do sobrinho criado como filho. (O Globo)

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More