quarta-feira, 27 de março de 2013

O mico do século

Quarta-feira, 27 de março de 2013.

O pretenso galã paga mico em frente ao pior público
Novembro de 1970. Um rapaz de 16 anos desce na rodoviária de Curitiba. Na época ela ficava onde hoje é o terminal do Guadalupe. Informou-se no local e percebeu que daria para ir a pé ao destino que o tinha feito vir até a capital: Colégio Bom Jesus, na Praça Rui Barbosa, onde faria um teste vocacional. Estava na dúvida em que cursinho iria se matricular: ciências exatas, biológicas ou humanas. Antes de embarcar para esta viagem atípica a Curitiba, vaidoso, arrumou-se com o que tinha de melhor no guarda-roupa: um conjunto de calça e jaqueta bege da marca Lee com cinto e bota acompanhando o visual cowboy, moda naquele ano. Um Ray-Ban Bausch Lomb e cabelos compridos completavam o visual daquele rapaz que com pose de galã andava a passos seguros pelas ruas da grande cidade. Ao se aproximar, já quase em frente ao Colégio avistou um ônibus parado no sinaleiro. O que mais lhe chamou a atenção foi o que havia em seu interior. A condução estava cheia de meninas de alguma excursão. Como é típica em aglomerações de jovens, a cantoria era perceptível. Foi quando o mico começou a se desenhar. Ao perceberem aquela “bela” figura desfilando garbosamente pela “calçada da fama” de dentro daquele ônibus ouviu-se em coro e delírio as vozes femininas: LINDO, LINDO, LINDO!!!!! Foi aí que o rapaz caprichou mais ainda na pose e no andar. Parecia que havia desmontado naquele momento de um belo cavalo árabe. Bem, falando em desmontar, o raio do mico caiu como uma bomba naquele infeliz galã das araucárias. Uma elevação da calçada foi suficiente para o tropeço que o levou literalmente a se esborrachar no chão, em frente daquele mulherio. A vergonha foi tanta que não se levantou. Colocou os braços por sobre a cabeça para não ouvir as gargalhadas que insistiam em vir do coletivo. Só levantou quando percebeu que o ônibus havia definitivamente sumido de sua vista. Acudido por populares levantou-se e percebeu que além do joelho e cotovelo levemente raspados, nada de mais grave havia acontecido. Mais do que sujar a jaqueta e a calça com a poeira da calçada ficou o tremendo mico que passou diante de um público feminino que foi à loucura. Imaginem! Bem, se você que me lê for uma daquelas moças dentro daquele ônibus há quase quarenta anos, em frente ao Colégio Bom Jesus fique sabendo que..."AQUELE CARA SOU EU!"

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