sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

NINGUÉM ENGANA TODOS POR TODO O TEMPO


Muitas pessoas têm me abordado querendo saber o que aconteceu com a TV do Requião. Tento explicar que a Televisão Paraná Educativa não é uma televisão do governador. É sim, do povo do Paraná. Essa confusão se dá devido à má fé de adversários políticos que tentaram passar às pessoas que o canal 9 era um instrumento de autopromoção de Requião. Esta impressão pode até ser justificada por alguns ao terem assistido de repente a Escola de Governo às terças-feiras, o Brasil Nação, aos domingos e a cobertura jornalística dos ”atos do governador”. Mas, a TV Paraná Educativa é muito mais do que isto. Quantos programas foram criados com a finalidade de informar, de formar opiniões, de debater os assuntos de nossa comunidade, de ouvir os cidadãos, dos mais simples aos de notório saber. Os equipamentos adquiridos possibilitaram uma qualidade de som e imagem como poucas emissoras têm no Brasil. Muita coisa ainda precisava ser feita  para tornar a Paraná Educativa à altura do povo paranaense. Mas quem é do meio sabe que isso leva anos. Não é da noite para o dia que se consegue. Notem os canais privados, quantos anos levaram para chegar à qualidade que têm hoje. E  fortalecidos pelo conceito de “Rede”.  A nossa televisão Paraná Educativa estava na direção correta. Bastava dar seqüência nos investimentos que vinham sendo realizados para aperfeiçoá-la. Mas o que estão fazendo por lá é desconstruir oito anos de estrutura de programação e de equipe, sob a alegação de “um novo enfoque”.  Não se precisa demitir todo mundo para mudar o enfoque de uma programação. O que sinto neste momento é a preocupação de “calar a boca” de profissionais talentosos que amam o que fazem.  E que agora, saem com a sensação de que fizeram alguma coisa de errado, quando na verdade tudo fizeram para transformar a Educativa em uma vitrine do que somos capazes de realizar. Foi dada sim uma identidade paranaense à programação que foi desrespeitosamente retirada do ar. Um desrespeito aos profissionais e ao povo que assistia e gostava, não só aqui mas em todo o Brasil. Espero que alguma entidade venha em defesa do conjunto de profissionais demitidos. Demissão em massa é injustificável.  Vou dar um exemplo a vocês do que acontece com um profissional quando é dispensado nessas circunstâncias. Eu, Jorge Yared, tenho 56 anos, completo 57 agora dia 7 de fevereiro. Há quase 38 anos trabalho como jornalista. Ao longo desses anos fui aperfeiçoando meu trabalho com muito estudo, muita leitura, muita dedicação. Sempre honrando os primeiros ensinamentos de redação que me foram dados pelo poeta e escritor Paulo Liminski, de saudosa e respeitosa memória. Passei pelas afiliadas da Globo, SBT e Bandeirantes. Fui diretor de jornalismo da Rádio Clube Paranaense e âncora de telejornais e noticiários de rádio. Fui redator e produtor do Cine Jornal Guaíra. Responsável durante alguns meses do Jornal da Federação Paranaense de Futebol, redator de textos publicitários, narrador de livros e de aulas de pós-graduação do Ibpex, da Ulbra e do Iesde. Faço hoje palestras sobre "Defesa do Meio Ambiente", "Ética na política" e Marketing pessoal". Na Paraná Educativa fui editor e apresentador do programa “Pra Seu Governo”. Neste programa realizei 986 entrevistas de meia hora de duração cada, sobre gestão pública. Conversava diariamente com Secretários de Estado e com agentes de governo para explicar à população como funciona uma gestão pública estadual. Quais os direitos e obrigações das pessoas dentro do conceito de cidadania. A finalidade maior era a politização. Dando seqüência, passamos ao Fórum Social, aonde estendemos a participação às pessoas de notório saber de nossa sociedade, mas com a mesma intenção: debater os temas que dizem respeito aos interesses do conjunto da população. Esta é a função maior de um canal público. E isto nós fizemos, sem bandeira partidária. Participavam do debate pessoas ligadas a todas as tendências políticas, do Paraná e de fora daqui também. Fui depois para a ancoragem do Jornal da Educativa. Nele sentimos o carinho e o apreço que as pessoas tinham ao nos abordar para criticar este ou aquele programa, ou assunto tratado. Ao andar na calçada, ao ir ao supermercado, ao culto religioso, a uma festa, ao pegar um taxi, enfim, aonde íamos, éramos parados para conversar e ouvir as opiniões sobre este ou aquele tema tratado nos programas. Fui agraciado por dois anos consecutivos como apresentador de destaque da TV do Paraná. O último foi na Câmara Municipal, com o prêmio Colunista Dino Almeida. Coloquei o diploma recebido numa moldura e exibo orgulhosamente na parede de meu escritório.
Pois bem, isto posto, relato agora o que tem acontecido após a dispensa sem justa causa da Educativa. Assim como acontece comigo, certamente pode estar ocorrendo também com meus colegas dispensados. Saí dia 6 de janeiro. Hoje é dia 28. 26 dias se passaram. Sai e visitei os veículos de comunicação aos quais pela “amizade” com este ou aquele diretor imaginei que o interesse em contratar meus serviços seria uma coisa natural. Um a um, a alegação foi a mesma. Temos de aguardar. O mês de janeiro é difícil. O Diretor responsável está viajando. Vamos ter de aguardar... Hoje passo o dia concentrado em meu Blog, fazendo um ou outro telefonema para contato. As despesas fixas, água, luz, telefone, comida, plano de saúde, combustível, faculdade de meu filho estão aí...Só que vai chegar dia 30 e meu salário não virá mais. Como fui exonerado tanto no rádio quanto na televisão, fiquei sem meus dois principais salários. Não recebi indenização. Em reunião com minha esposa, colocando nossas despesas no papel, a alternativa foi corte de gastos. Hoje, neste momento que escrevo ela e meu filho estão fazendo empadinhas e sfihas para vender na rua com a finalidade de levantar dinheiro para pagar a mensalidade da faculdade do garoto. Meu filho está no último ano da faculdade de jornalismo da Unibrasil. Até o mês passado eu paguei a mensalidade e matrícula deste ano. Agora não tenho esta condição. Mas, somos gente honesta e trabalhadora. Não vai ser esta dificuldade momentânea que nos esmorecerá.  Relato isto para que os senhores percebam na prática a situação em que se envolve uma família, quando uma ordem dada pelo governador é cumprida fria e injustamente pelo subalterno. Foram 3 mil e 500 exonerações. Na Educativa estão sendo dispensados os que estavam também sob cachê e os do convênio com a Funpar. Direta e indiretamente mais de 20 mil pessoas devem estar passando pela mesma situação ou até pior do que nós. Mas Deus nos deu algo fantástico: a nossa consciência. Hoje estamos preocupados, mas ao mesmo tempo em paz. Colocamos a nossa cabeça no travesseiro e adormecemos em paz, pois os problemas que enfrentamos são nossos e de mais ninguém. Difícil mesmo é quando se coloca a cabeça no travesseiro e não se consegue dormir pela maldade que fazemos às pessoas durante o dia. É duro sim a consciência dos algozes. Esta, mais cedo ou mais tarde vai laçá-los de jeito.  Só conhecemos verdadeiramente uma pessoa quando damos poder a ela.
Mas este poder é passageiro. Os anos passam rápido. E o que ficará depois deles? Certamente a memória daquilo que foi feito, certo ou errado. E tudo vai ser cobrado. Precisamos justificar nossa existência com ações voltadas sempre para a construção do bem e da justiça. As demais nos serão acrescentadas como benção. Temos a capacidade do discernimento. Não se esqueçam, a escolha é nossa.
Pensem nisto.
Obrigado pela atenção da leitura, Jorge Yared

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