terça-feira, 12 de julho de 2011

Quem veio antes: a galinha, ou o ovo?



Julho de 2011.
A quem os idealizadores da primeira Faculdade de Jornalismo recorreram para formar a também primeira turma de "jornalistas diplomados"? Não precisa ser "gênio" para responder que certamente foram profissionais da ativa dos jornais de então, formados em curso superior, de preferência da área de ciências sociais ou humanas e que atendessem às necessidades do currículo estabelecido para dar uma formação mínima aos primeiros estudantes que buscavam a necessária habilitação teória para encarar os desafios da prática jornalística. É por isso que lembro daquela questão, há muito tempo formulada e de difícil resposta para os leigos; eu disse, para os leigos: quem veio antes, a galinha, ou o ovo?
Esta pergunta serve para explicar uma situação inusitada que profissionalmente estou vivendo, depois de 38 anos ininterruptos de trabalho como jornalista, uma profissão gratificante e emocionante que procurei dignificar com o melhor de mim, em todos os momentos.  Aos 17 anos vim para Curitiba. Não sabendo ao certo que curso fazer (normal para a idade), acabei por realizar um teste vocacional no Colégio Bom Jesus. Fiquei mais confuso ainda, pois o resultado foi arquitetura. Meu saudoso pai tinha preferência por medicina, mas respeitava a decisão que por ventura viesse a tomar. Meu talento desde jovem era direcionado à área das comunicações. Apesar da pouca idade, 17 anos, já acumulava 3 anos de experiência pois havia trabalhado na emissora que meu pai dirigia, em União da Vitória: a Rádio Difusora União, primeiro prefixo que trabalhei, aos 14 anos. Na época, em 1971, queria fazer um curso que me preparasse para a área humanística, social, literária. Naquele tempo não se falava em curso de jornalismo. Os profissionais que trabalhavam na área optavam por letras, filosofia, sociologia ou ainda, direito,  curso mais respeitado entre os cinco citados. E foi exatamente o que decidi  fazer. Matriculei-me no Bardall e fiz o cursinho juntamente com o terceirão, como era chamado. O ano de 1971 foi muito importante para a minha vida profissional. No referido cursinho tive dois professores, cujos nomes falam por si: português (gramática e literatura) meu orientador e mestre foi Edmundo Mercer, também professor da Faculdade de Letras da UFPr.;  o de redação foi Paulo Liminski, professor e amigo que me estimulou todo o período para o aprendizado das técnicas da escrita. Em 1972 iniciei meu curso de Direito depois de ter sido aprovado no primeiro vestibular que prestei na Universidade Federal do Paraná. Naquele mesmo ano fui contratado pela Rádio Iguaçu de Curitiba, onde iniciei minha carreira em Curitiba. Era, aos 18 anos, o redator e responsável pelos noticiários apresentados por Nestor Baptista, hoje Conselheiro do Tribunal de Contas, meu amigo e colega. Também era o redator do Jornal da Meia Noite, apresentado pelo saudoso Ivan Curi (É calmo o início da madrugada em Curitiba...dizia Ivan).  Em 1974, Pirajá Ferreira me contratou indicado por Nestor para ser o Correspondente Internacional do Jornal da Manhã da Rádio Clube Paranaense (noticiário de grande audiência, comandado por José Maria Pizarro e Norberto Trevisan). Também redigia e apresentava os boletins vespertinos. Mais tarde, juntamente com Paulo Furiati (hoje prefeito da Lapa) redigia e apresentava o Jornal da Meia Noite, que tinha também a produção do talentoso e saudoso Narciso Assumpção.  Na Clube fiz carreira, sendo inclusive convidado pelo meu ilustre amigo Ubiratan Lustosa para assumir o departamento de jornalismo da emissora, no qual comandei por 4 anos, antes de me mudar para Londrina, em 1990. Em 1985, Giovanni Rudrigueri, diretor artístico da TV Paraná, que transmitia a programação da extinta TV Tupi, no Estado, me contratou para ser produtor, editor e apresentador dos telejornais da emissora, juntamente com Paulo Furiati. Na TV ainda, em 1996,  Carlos Cruz me convidou e me transferi para o Canal 4, onde comecei apresentando o Jogo Aberto, com a Tônia Maria. E a partir de então, naquela emissora fiz carreira como redator e apresentador de telejornais, trabalho que exercia sem problema algum com o da Rádio. Mais recentemente fui redator, produtor e âncora de programas da TV Paraná Educativa, durante os oito anos do governo Requião. Entre os programas que guardo com carinho estão o Pra Seu Governo, onde realizei 986 entrevistas de meia hora de duração cada com secretários de estado sobre gestão pública e ações de governo. Um trabalho para que no canal público do Paraná, a população pudesse conhecer o funcionamento administrativo do estado; no Fórum Social pela Alfabetização pude colaborar com o programa federal Brasil Alfabetizado e estadual Paraná Alfabetizado, no resgate de uma dívida social que temos com as pessoas que não tiveram como nós tivemos, acesso a alfabetização. No Jornal da Educativa Segunda Edição, pude dar minha colaboração aos jovens e talentosos colegas na apresentação de suas matérias. Bem, devido  ao grande sucesso, e ao bom salário conquistados já desde 1975, para preocupação de meu pai, pendurei o diploma de Bacharel em Ciências Jurídicas (Direito) na parede e fui à luta. Com o passar dos anos, fui me aperfeiçoando naturalmente, pois, assim como em outras profissões, a que eu exercia precisava de constante aperfeiçoamento e adaptação às mudanças naturais da tecnologia e da forma de comunicar a notícia.
Mas, pasmem.  Hoje, depois de 38 anos de ininterrupto trabalho tenho sofrido uma discriminação injusta de parte daqueles que poderiam ter sido meus alunos, caso tivesse aceitado os convites que me foram feitos para lecionar em faculdades de jornalismo. Depois de tudo o que fiz, o que produzi, o que apresentei na área, o que, enfim, represento na história do jornalismo paranaense, tive que educadamente responder a uma pergunta feita pela jornalista diplomada Joice Hasselmann, da BandNews, sobre qual era minha formação. Se hoje não estou lá, trabalhando, foi porque respondi que minha formação superior era de “Direito”, pelas razões já relatadas. Eu defendo o profissional diplomado. Acho que é importante para a profissão ter este parâmetro mínimo para o início da prática laboral. Como exigir de um profissional com o currículo que construí, a formação em uma faculdade de jornalismo para legalizar meu trabalho. Para toda regra, existe exceção. Se não o Boechat, o Bóris Casoy, o Armando Nogueira, e tantos outros, não teriam tido oportunidade de mostrar ao Brasil todo o talento que tinham e têm. Existem profissionais, que pela falta da faculdade específica na época, ou da exigência de nela ser formado, se diplomaram em outra das áreas humanísticas ou sociais, mas que estão, pelo talento e por sua história acima desta premissa. E, eu me incluo entre eles. Repito: sou o primeiro a defender a necessidade da formação em uma Faculdade de Jornalismo para o início da prática da profissão, tanto é que meu filho caçula se forma este ano na Unibrasil. Mas, fecharem as portas para mim, nesta melhor fase de minha carreira é uma tremenda injustiça, que só tenho notícia aqui no Paraná. Um corporativismo despropositado que só faz é prejudicar aqueles que, em situações idênticas a minha, são humilhados por protótipos de jornalistas, que infelizmente, ocupam cargos diretivos nas emissoras. Meu querido e talentoso jornalista Silvio de Tarso, assim como eu, sofre essa despropositada discriminação. Espero que alguém que decida, ou tenha influência nesta área, aqui em Curitiba, me ajude a oportunizar um trabalho digno para que eu, há 6 anos de minha aposentadoria, não tenha que desistir de meus sonhos por absoluta falta de proposta para trabalhar. Meus colegas da Faculdade de Direito hoje são desembargadores, ministros, secretários de estado, advogados, juízes, promotores, conselheiros, todos respeitados e prestes a encerrarem suas carreiras com a sensação do dever cumprido. E eu, impedido de trabalhar, de encerrar com chave de ouro minha carreira por pessoas que antes de valorizar o talento e respeitar a história de um profissional, aliam-se a um corporativismo injusto, despropositado e imbecil.
Meu telefones são 9117 8827 (VIVO) ou 9622 9657. Estou disponível a qualquer hora para um contato em nível profissional. Obrigado pela compreensão e pelo apoio!

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