Segunda-feira, 25 de abril de 2001.
O vigia de 58 anos apontado como pai da bebê que foi abandonada em uma caçamba em Praia Grande (SP) confirmou ter tido "um casinho de pouco tempo" com a mãe e assumiu a paternidade da criança. Ele prestou depoimento à polícia na noite de segunda-feira e disse, no entanto, que não sabia que a mulher estava grávida --ela afirma ter contado a ele no quarto ou quinto mês de gestação. O homem, que classificou como "terrível" o abandono da menina, afirmou que vai ficar com a criança. O vigia afirmou que foi pego de surpresa pelo ato da mãe da bebê, e disse que ficou sabendo do abandono na Sexta-Feira Santa, dois dias após a divulgação do vídeo. O homem disse conhecer a mãe da criança há dois anos e afirmou que chegou a frequentar a casa dela. Ele atribuiu o abandono a uma depressão passageira e garantiu que a mulher terá seu apoio se precisar. O vigia é casado e tem quatro filhos. Ele afirmou que a família já sabe do ocorrido. Apesar de ter se assumido pai da criança, ele deverá passar por exames que confirmarão cientificamente a paternidade.
GRAVIDEZ OCULTA
A dona da casa de repouso onde o vigia e a mulher trabalham também prestou depoimento nesta segunda-feira. Segundo o delegado Flávio Magario, que cuida do caso, ela informou que esta é a segunda vez que a funcionária oculta uma gravidez. A primeira teria sido em 2008. De acordo com o depoimento, a mulher passou mal durante uma festa junina feita na rua em frente à casa de repouso. Quando os médicos chegaram, descobriram que ela já estava em estágio avançado de trabalho de parto.
OUTROS ABANDONOS
A polícia recebeu na segunda-feira a informação de uma enfermeira do programa de saúde da família de Praia Grande a informação de que a mulher deu à luz um casal de gêmeos em março do ano passado. No depoimento que prestou logo após sua prisão, no sábado, a mulher informou ter seis filhos, sendo três maiores de idade e três menores. Estes últimos teriam dois, sete e treze anos. Os policiais investigam a informação de que a mulher deu os filhos para adoção ilegalmente, sem passar pelo sistema judicial. A polícia ainda averigua se ela deu um terceiro filho para adoção. O fato teria ocorrido há 15 anos.
A acusação foi feita por uma ex-empregadora da mulher em depoimento formal na noite de sábado. A ex-patroa, que à imprensa se apresentou apenas como Marli, afirmou que a mulher trabalhou como empregada doméstica em sua casa há mais de uma década. Segundo ela, a ex-funcionária omitiu uma gravidez durante os nove meses de gestação. O fato só teria sido descoberto porque uma vizinha ouviu o choro de uma criança e correu para averiguar do que se tratava. Ainda na versão de Marli, a vizinha contou que arrombou a porta do banheiro da casa da mulher, que estava fazendo o parto ela mesma.
De acordo com o conselheiro tutelar de Praia Grande Tadeu Costa as duas mulheres chegaram a travar uma batalha judicial por questões trabalhistas. Ele contou que Marli ainda guarda um documento que certificava o nascimento da criança, que teria ocorrido quinze anos atrás. Esse documento foi entregue à polícia. O delegado Magario disse que o registro feito no hospital sobre o nascimento dessa criança, que hoje teria 15 anos e seria uma menina, foi cancelado, o que indicaria que ela possivelmente foi encaminhada à adoção.
"Vamos tentar levantar se ela teria levado a criança para a adoção ou se houve a destituição do pátrio poder [guarda] e a colocação da criança em um lar substituto. Se for esse último caso, é um indicativo da sua personalidade, de como ela conduz a maternidade", afirmou Magario. (Folha Online)
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